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Rodrigo Lombardi, o sedutor, estreia como Don Juan

O ator, que rejeita o rótulo de galã, representa o galanteador-símbolo criado por Molière no século XVII

Por Mariana Zylberkan
27 mar 2012, 22h53

Algo incomoda Rodrigo Lombardi. À primeira vista, parece o aplique de cabelo do figurino, que o ator tenta esconder num rabo de cavalo. “Já incomodou mais, mas agora eu acostumei”. O novo visual faz parte da caracterização para a peça Don Juan, que estreia nesta sexta-feira no Teatro Raul Cortez, em São Paulo.

Fora o aplique, Lombardi ainda não se sente confortável na postura de galã. Evita até dizer a palavra. Não entede por que é desejado. Mesmo depois de viver, um atrás do outro, personagens que arrancaram suspiros apaixonados das telespectadoras. O primeiro deles foi Raj, o indiano rejeitado pela mocinha em Caminho das Índias. Logo depois, veio o romântico Mauro, em Passione, e, mais recentemente, Herculano Quintanilha, no remake de O Astro. “Um dos maiores erros do ator é acreditar no sonho que ele vive”, diz ele, ao deixar bem claro que não vê no espelho a mesma beleza idolatrada pelas fãs.

Até junho, Lombardi interpreta o sedutor personagem de Molière no palco paulistano. No meio do ano, ele dispensa o figurino retrô para inspirar olhares apaixonados na televisão, dessa vez, fardado como policial na novela Salve Jorge, de Glória Perez, com estreia prevista para setembro. Na trama, Lombardi será o chefe da Unidade de Polícia Pacificadora no Complexo do Alemão.

Don Juan é o estereótipo do galã. Na TV, você representa personagens muito sedutores e agora a consolidação desse perfil no teatro. O que pensa dessa trajetória? As pessoas falam que eu sou galã, mas isso não muda o meu processo de trabalho e nem a minha entrega profissional. O maior erro é acreditar que eu sou realmente um galã. Um dos maiores erros do ator é acreditar no sonho que ele vive.

Como você explica ser chamado constantemente para atuar em papéis de sedutores? Cria-se uma teia de interesses. As pessoas me veem assim. Dá até vergonha de falar que eu sou desejado.

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Assim como um galã? É. Eu sempre reflito quando sou chamado para um papel por ser galã. Penso: ‘Nossa, que interessante. Eu acho que sou capaz de fazer isso e não é só por causa do meu momento de galã que estou sendo chamado para o papel. E se for apenas por isso, eu tenho que provar a eles o contrário e mostrar que eu tenho muito a oferecer.’

Você sente que essa aura de sedução começou a te rodear quando interpretou Raj, em Caminho das Índias? Eu não sei como tudo começou. Eu sou eu igual em todos os papéis. O Raj, na sinopse, não tinha nenhum indício de que seria um cara sedutor. As pessoas o acharam extremamente sedutor por causa do pensamento indiano. O pensamento ocidental em relação a isso é: Oh! Que fofo! Então, as pessoas elevaram aquele personagem num grau absurdo. Eu tirei uma lição muito séria disso. As relações amorosas de hoje são mal começadas e por isso acabam. Hoje as relações são muito fugazes. ‘Ah, ele é bonito, então vamos casar’. Você precisa conhecer, falar, se dedicar a outra pessoa. O ideal é se casar com alguém não pelas semelhanças, mas pelas diferenças, e saber que um complementa o outro. Cada um precisa de um tempo para saber se realmente combina com aquela pessoa.

Você disse que admira a forma como Don Juan questionou o casamento e outros valores da sociedade do século XVII. Como transportar esse posicionamento crítico nos seus trabalhos como galã de televisão? Meus personagens sempre tiveram um ruído na TV. Em Pé na Jaca, a sinopse era de um personagem exatamente igual ao do Marcos Pasquim. Eles eram dois irmãos e saiam na rua sem camisa, pegavam a mulherada. Eu pensei: “Meu Deus, não sei fazer isso”. Então, eu criei um personagem que era o extremo oposto do irmão e funcionou. Era um cara tímido e me perguntavam: “Por que você o interpreta como alguém com dificuldade?” e eu respondia: “Por que ele tem um irmão que se acha o máximo.”

Você quer dizer que existe uma intenção sua de passar algum tipo de mensagem por meio de sua beleza? Já que eu não tenho a beleza, pelo menos a mensagem eu garanto.

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