O que acontece em Vegas fica em Vegas? Talvez, sim, mas essa não é a intenção de Roberto Medina, criador do Rock in Rio. Medina quer o mundo e, depois de Lisboa e Madri, chegou a vez de invadir o mercado de shows mais competitivo do mundo. O festival estreou em território americano na chamada Cidade do Pecado, onde promoveu uma série de shows nos dois últimos fins de semana, e reuniu 172.000 pessoas.
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Festival do tipo exportação, o Rock in Rio se moldou aos interesses de Las Vegas. Dividiu suas atrações por gênero — rock e pop — e em dois pares de dias. Nos dias 8 e 9 de maio, as guitarras predominaram, com No Doubt, Metallica, Maná e Linkin Park entre as atrações principais. Já os dias 15 e 16 foram pensados para o público dançar. Dois palcos alternavam as performances, para fazer o público caminhar e aproveitar melhor a City of Rock, nome gringo para a nossa Cidade do Rock. No primeiro dia do fim de semana do pop, foram 42 000 pessoas, levadas ali pela força de headliners pop como Taylor Swift e Ed Sheeran. No sábado, 48 000 estiveram presentes para conferir, prioritariamente, Bruno Mars. A segunda maior atração seria o britânico Sam Smith, novo queridinho da indústria da música, vencedor de quatro gramofones do Grammy deste ano, cancelou a performance dias antes, para realizar uma cirurgia na garganta. John Legend, vencedor do Oscar de melhor canção original criada para o filme Selma, foi alçado ao posto do dissidente. A brasileira Ivete Sangalo também se apresentou — e levou um tombo no palco — principalmente para brasileiros.
O Rock in Rio Las Vegas não foi tão maior em área do que a versão carioca: foram 15 000 m² a mais. A grande vantagem do festival foi o formato da área ocupada, que facilitou o fluxo de pessoas e a disposição de toda a infraestrutura. Ainda assim, é um projeto em construção. Existe um plano a longo prazo, com mais três edições agendadas para a cidade em intervalos de dois anos. Foram construídas três versões da Rock Street, cada uma dedicada às culturas brasileira, americana e britânica. Elas atraíram um público razoável, mas ver um show como o de Marcos Valle, na noite de sábado, reunir só uma dúzia de curiosos chegou a ser triste. Bom era ver bares e banheiros sem fila — algo que, se importado para o Rio de Janeiro, faria os brasileiros felizes. O sistema de pagamento, através de uma carga pré-paga em uma pulseira, também ajuda na agilidade do atendimento e seria bem-vindo.
O público do Rock in Rio ainda é uma incógnita, contudo. A avaliação de Roberta Medina, vice-presidente do festival, é que o número de pessoas que compareceram à City of Rock, 172 000, nos quatro dias, é pouco mais que a metade da lotação, com seus 80 000 lugares por dia. “Nosso público é o mesmo dos outros países que também têm o festival, com pessoas de 15 a 50 anos”, diz. A quantidade, acredita Medina, vai crescer “muito por causa do boca a boca”. E, para eles, neste caso, o que acontece em Vegas não pode ficar em Vegas.
(Com Estadão Conteúdo)