“Eu não quero ser um um herói morto”
PublicidadeJohn Lennon
Publicidade
No dia 5 de dezembro de 1980, John Lennon falou por nove horas ao jornalista Jonathan Cott da revista Rolling Stone em uma entrevista que ficaria marcada na história. Três dias depois, ele foi morto a tiros por Mark David Chapman em um crime que comoveu o mundo inteiro. Nesta quarta-feira, exatos 30 anos após o assassinato, a Rolling Stone decidiu publicar trechos inéditos da última conversa do ex-beatle com um veículo de comunicação (o conteúdo completo chega às bancas na sexta-feira).
No auge de seus 40 anos, o cantor dizia ter “muito tempo” para realizar alguns de seus objetivos de vida. “No início desse ano, eu estava limpando alguns arquivos no meu armário quando me deparei com duas fitas cassetes com a inscrição ‘John Lennon, 5 de dezembro de 1980′”, conta Cott.
Disparando farpas contra críticos e os próprios fãs em uma fase de retomada de carreira musical após uma pausa de cinco anos, Lennon se mostrou revoltado com o fato de que “eles só se interessam por heróis mortos, como Sid Vicious e James Dean”. E ainda enfatizou: “Eu não quero ser um um herói morto. Portanto, esqueça-os.”
Família – Lennon também fala da tentativa de ser um bom pai para seu filho mais novo, Sean – com Yoko Ono -, na época com 5 anos. O cantor dizia estar aprendendo a se relacionar com uma criança, e admitiu que não era bom nisso. O primeiro filho do ex-beatle, Julian – com Cynthia Powell – já tinha 17 anos. Ao mesmo tempo, ele faz menção aos principais companheiros de sua vida: “Eu tenho trabalhado só com duas pessoas: Paul McCartney e Yoko Ono… E estou escolhendo bem”.
Ele ainda fez questão de destacar que continuava comprometido com seu objetivo de paz e amor na Terra. “Não estou falando de divindade. E nunca disse ter as respostas para a vida. Eu só coloco nas músicas as respostas mais honestas possíveis… Mas ainda acredito em paz, amor e compreensão.”
Yoko Ono – A Rolling Stone também falou com Yoko Ono, que cedeu algumas das últimas fotos pessoais do casal para serem publicadas pela revista. Sobre os últimos dias de seu companheiro, ela conta: “Pouco antes de sairmos do estúdio (minutos antes de ele ser baleado e morto), John olhou para mim. Seus olhos tinham a intensidade de alguém prestes a dizer algo importante. ‘Sim?’, eu disse. E eu nunca vou me esquecer de como, com uma voz profunda e suave, como se esculpisse suas palavras na minha mente, ele disse as coisas mais bonitas para mim”.
Em um comunicado divulgado terça à noite em homenagem a Lennon, ela fala da saudade que sente: “Neste aniversário trágico, por favor juntem-se a mim lembrando-se de John com profundo amor e respeito. Em sua curta vida de 40 anos, ele tem dado muito para o mundo. O mundo teve sorte de conhecê-lo. Nós continuamos aprendendo com ele ainda hoje. John, eu te amo.”
Confira também:
Blog 10+: Os 10 maiores mitos (e verdades) sobre os Beatles
Acervo Digital VEJA: A banda que reinventou o pop nos anos 60
VEJA na História: O sucesso dos Beatles