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O filme azarão que pode derrubar os favoritos ao Oscar 2022

De mansinho, 'No Ritmo do Coração', sobre uma família de surdos, vem crescendo na temporada de premiações e pode surpreender no prêmio da Academia

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 mar 2022, 12h22

Uma adolescente de origem pobre se dedica ao sonho de cantar e, quem sabe, ganhar uma bolsa em uma universidade para estudar música. Os empecilhos, porém, são muitos – entre eles a própria família da moça. A trajetória melodramática aparentemente batida ganha novas e belíssimas cores em No Ritmo do Coração, indicado em três categorias no Oscar 2022, de melhor filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante, para Troy Kotsur. Estrelado pela adorável Emilia Jones, que completou recentemente 20 anos de idade, a produção diverte e encanta com o rito de passagem da protagonista Ruby Rossi para a vida adulta – com direito a elementos típicos da fase, como a ansiedade pelo futuro e o primeiro amor. Ruby, porém, não é uma menina tão comum. Seus pais e irmão mais velho são surdos, enquanto ela é a única que escuta e fala na casa. A relação entre eles faz, inicialmente, com que Ruby cresça como se fosse surda – ela mal fala quando entra para a escola. Mais tarde, a dinâmica se inverte, e a família, que trabalha com pesca, se torna dependente da menina, que assume o papel de intermediária entre eles e o mundo. Logo, Ruby tem dificuldades de ver um mundo longe de casa – ainda mais para seguir uma vocação que sua família não consegue apreciar.

O longa, adaptação de um filme francês – também adorável – chamado A Família Bélier, estreou aclamado no Festival de Sundance no ano passado, arrebanhando quatro prêmios, entre eles o do júri. Era de se esperar que No Ritmo do CoraçãoCoda no original, sigla em inglês para crianças de adultos surdos – conquistaria espaço em grandes premiações. O longa, com pitadas de drama e comédia, porém, tem um pezinho no que os brasileiros chamariam de “filme de Sessão da Tarde”. Não à toa, ele conquistou a fama de azarão do Oscar, ao concorrer com superproduções, como Duna, ou o drama de faroeste Ataque dos Cães, até agora, favorito ao prêmio. Mas o jogo virou.

Aos poucos, No Ritmo do Coração vem ganhando espaço e popularidade na temporada de premiações. Foi eleito melhor filme pelo prêmio promovido pela crítica especializada de Hollywood e levou o troféu mais importante do SAG Awards, de melhor elenco. A cerimônia, que serve como termômetro para as categorias de atuação no Oscar, ainda elegeu Troy Kotsur o melhor ator coadjuvante do ano. Aos 53 anos, Kotsur, que interpreta Frank, pai de Ruby na trama, se tornou o primeiro ator surdo a ganhar um prêmio no SAG e já fez história ao ser o primeiro homem com deficiência auditiva a ser indicado ao Oscar — Marlee Matlin, que também está no filme, na pele da mãe de Ruby, foi a primeira pessoa surda a ser indicada e a ganhar um Oscar, em 1987, como melhor atriz, por Filhos do Silêncio. Em uma das cenas mais marcantes de No Ritmo do Coração, Frank, tentando entender a paixão da filha por música, pede que ela cante o mais alto possível, enquanto ele coloca com carinho as duas mãos no pescoço da jovem, para sentir a vibração de suas cordas vocais.

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Emilia Jones, Troy Kotsur e Marlee Matlin no filme 'No Ritmo do Coração'
Emilia Jones, Troy Kotsur e Marlee Matlin no filme ‘No Ritmo do Coração’ (//Divulgação)

Até a vitória de Kotsur no SAG, Kodi Smit-McPhee, de Ataque dos Cães, era o favorito da categoria de ator coadjuvante. Os dois voltarão a se enfrentar no Oscar e o favoritismo já não é tão claro. “Eu sinto que carregava muitas feridas e que elas se curaram agora”, disse Kotsur sobre finalmente ter seu trabalho como ator reconhecido. No Ritmo do Coração está disponível no Prime Video, da Amazon, e para aluguel em plataformas como a Apple. O Oscar 2022 acontece no dia 27 de março.

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