“O fim de um sonho.” Assim o diretor Peter Jackson definiu a première de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, realizada na última segunda-feira, 1º de dezembro, em Londres. O evento era mesmo o começo do fim: o primeiro passo no lançamento de um filme que encerra não apenas a trilogia sobre o hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman, o Watson da série Sherlock, da BBC), em cartaz a partir da próxima quinta-feira, dia 11, mas também, ao que tudo indica, a era das adaptações de J. R. R. Tolkien no cinema. Na medida em que herdeiros do linguista resistem em submeter novas obras do autor a diretores e estúdios, só resta aos fãs se despedir de um fenômeno cujo impacto, nas gerações atuais, é comparável ao causado por Star Wars nos anos 1970 e 80. E à Warner, produtora de todas as adaptações de Tolkien desde O Senhor dos Anéis (2001), buscar um substituto para um filão que já rendeu ao estúdio nada menos que 5 bilhões de dólares.
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Caracterização de Bilbo – Para viver o hobbit Bilbo pela terceira vez, o britânico Martin Freeman teve de retornar à Nova Zelândia para novas tomadas, já que o terceiro longa só surgiu no horizonte de Peter Jackson quando as imagens dos dois primeiros já haviam sido captadas. Aos 43 anos, Freeman diz não saber por que foi o escolhido para viver o jovial Bilbo. “Não sei porque o Peter me escolheu como Bilbo, mas também nunca perguntei”, disse. “Talvez por eu parecer meio vulnerável e engraçado.”
Sintoma do fenômeno que O Hobbit se tornou, seguindo os passos de O Senhor dos Anéis, o ator reclama com humor britânico da fama que a franquia lhe trouxe. “Se eu soubesse que em cada agência dos correios seria incomodado por cinco pessoas diferentes, não teria realizado O Hobbit“, disse, embora reconheça que as adaptações de Tolkien são restritas aos fãs do escritor. Mas que grupo: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, que abriu a série, faturou 1 bilhão de dólares pelo mundo. E O Hobbit: A Desolação de Smaug, sua sequência, 958,366 milhões de dólares.
Para Freeman, o sucesso de Tolkien pode ser explicado pela simplicidade de seu enredo, onde é possível distinguir com facilidade quem é vilão e quem é mocinho. “Por isso Guerra nas Estrelas é tão bem sucedido”, afirmou.
Alta performance – Como legado, para fãs e não fãs, O Hobbit deixa um novo e alto padrão de tecnologia para os cinemas, o de 48 quadros (ou frames) por segundo, que chegou a ser alvo de críticas no início.
“A tecnologia é desenvolvida de acordo com a necessidade de contar a história”, disse Jackson, 54. “Eu sou um idiota com computadores. Eu mal consigo fazer um e-mail, mas tenho uma equipe de artistas talentosos.”
Além da tecnologia, o diretor lançou mão de uma grande produção. Jackson faz questão de trabalhar com cenários reais – foram 94 sets construídos em estúdios na Nova Zelândia, sua terra natal, durante os quase 266 dias de filmagens. Todos os atores utilizaram perucas: foram mais de 750 no total, além das quase 300 barbas usadas pelos personagens. Os 13 anões foram vividos por cerca de 165 atores e dublês, que se revezavam nos papéis.
Nada assustador para o universo de Tolkien, autor que, estima-se, vendeu mais de 250 milhões de exemplares de livros sobre uma Terra Média habitada por criaturas pequenas e enormes, os Orcs, além de dragões e feiticeiros capazes de varrer todo o mal pelo mundo. E de faturar bilhões.