Antes mesmo de estrear sua nova série da Rede Globo, Sexo e as Negas, Miguel Falabella foi acusado de racismo na internet e através da denúncias endereçadas à Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Desde o dia 9 de setembro até a manhã desta sexta-feira foram enviadas dezessete reclamações ao órgão federal, que autuou a emissora, solicitando informações a respeito do programa. No documento, o Seppir informa que encaminhou a ação ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro para que avalie e adote os procedimentos cabíveis, caso entenda a ocorrência de alguma irregularidade ou crime.
Na nota enviada à imprensa, o titular do órgão, Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior afirmou que a Ouvidoria da Igualdade Racial vê com “estranheza e preocupação” qualquer tipo de manifestação que reproduza estereótipos racistas, machistas, que se alicerce na sexualidade das mulheres negras, ou venha a reforçar ideias de inferioridade, tanto nas artes, como no cinema, telenovelas e seriados. “As produções televisivas deveriam refletir a diversidade da população brasileira em todos os seus segmentos, contribuindo para a consolidação de uma sociedade justa, plural e igualitária”, completou.
A série também se tornou alvo de uma campanha no Facebook. A Página “Boicote Nacional ao programa ‘Sexo e as Negas’ da Rede Globo” foi criada no dia 5 de setembro e acumula pouco mais de 21 000 curtidas. Procurada pelo site de VEJA, a comunicação da emissora alegou que, até o momento, não recebeu qualquer ofício questionando o nome ou o conteúdo do programa.
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Resposta de Falabella – Em sua página no Facebook, o ator e diretor Miguel Falabella rebateu as críticas feitas ao programa e se mostrou indignado por ter sido acusado de racismo. “Como é que se tem a pachorra de falar de preconceito, quando pré-julgam e formam imediatamente um conceito rancoroso sobre algo que sequer viram? Sexo e as Negas não tem nada de preconceito. Fala da luta de quatro mulheres que sonham e buscam um amor ideal. Elas poderiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor”, escreveu.
“Qual é o problema, afinal? É o sexo? São as ‘negas’? As negas, volto a explicar, é uma questão de prosódia. Os baianos arrastam a língua e dizem “meu nego”, os cariocas arrastam a língua e devoram os S. Se é o sexo, por que as americanas brancas têm direito ao sexo e as negras não? Que caretice é essa? O problema é por que elas são de comunidade?”, completou Falabella, que fez uma comparação com o seriado americano Sex and the City, o qual, segundo ele, serviu de inspiração para a criação da versão brasileira.
Nesta quinta-feira, o ator voltou a tocar no assunto em tom irônico em sua página na rede social. Primeiro, citou um trecho de uma música cantada pelas atrizes no seriado, que diz: “O pente que me penteava /já mudou de direção/ chapinha só alisa o pelo/mas não muda opinião”. “Assim cantam as protagonistas do programa em um dos episódios. Será que pode?”, publicou. Em seguida, afirmou ter lido um “comentário espirituoso” a respeito do assunto. “O cara disse que se eu tivesse dado o título de Sexo e as Brancas, seria acusado de racismo por negar o sexo às negras, ou seja: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.”
Publicação by Miguel de Sousa-Aguiar.