Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Nepo babies’: os filhos de famosos que estão na mira por suas regalias

Depois das exigências por diversidade e menos machismo, Hollywood se torna alvo por vantagens da nova geração dos herdeiros de influentes

Por Gabriela Caputo Atualizado em 20 jan 2023, 10h32 - Publicado em 20 jan 2023, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Para a atriz e modelo Lily Rose-Depp, os próximos meses deveriam reservar só flores. Aos 23 anos, ela ganhará em breve todos os holofotes como protagonista da série The Idol, novo arrasa-quarteirão da HBO, em que atua ao lado de bambas como o pop star canadense The Weeknd. Há, contudo, um espinho pontiagudo no caminho de Lily: ela é uma legítima “nepo baby”. Sucesso de buscas na internet nas últimas semanas, o termo pode ser traduzido como “bebê nepotista” e designa, de forma pejorativa, os herdeiros de gente conhecida ou influente na indústria do entretenimento. Filha da atriz Vanessa Paradis e do astro Johnny Depp, Lily agora tem de lidar com o peso do sobrenome. Recentemente, colegas no mundinho da moda a detonaram por supostos privilégios. Nas redes sociais, as ironias sobre sua célere evolução profissional vieram ácidas — e olha que o paizão nem está com tanta moral assim, depois do processo escandaloso com a ex Amber Heard nos tribunais. Antes mesmo de deslanchar na carreira, Lily já teve de se pronunciar em entrevista sobre as vantagens de ser filha de famosos: “Talvez você consiga uma porta de entrada, mas é só isso. Há muito trabalho que vem depois”.

    Publicidade

    George Clooney: Anatomy of an Actor

    Publicidade

    A herdeira de Johnny Depp se soma a uma nova safra de talentos “sangue azul” em ascensão no cinema, na TV e no streaming — mas que chegam à festa num momento em que as velhas e boas conexões de DNA, ainda que sempre ajudem, encontram-se sob intenso escrutínio. Nos últimos anos, Hollywood foi obrigada a dar respostas a cobranças por mais diversidade e inclusão, menos machismo e pelo fim da impunidade que cercava o assédio moral e sexual nos estúdios. Agora, o nepotismo está na mira.

    O fenômeno do “filho de peixe” ou “afilhado de gente importante” não nasceu hoje, claro — é uma tendência inerente ao ser humano que reina em muitos lugares além do showbiz (vide as nomeações dos políticos clientelistas). Desde os primórdios do cinema e da televisão, os nepo babies estiveram em toda parte, da diva absoluta da categoria Liza Minnelli (rebenta do dire­tor Vincente Minnelli e da atriz Judy Garland) ao galã George Clooney (filho de Nick Clooney, conhecido jornalista e político americano e sobrinho da atriz e cantora Rosemary Clooney). Estrelas com “pedigree” sempre despertaram nos meros mortais algo entre o fascínio e a frustração. É como se, ao aproveitar a trilha aberta pela parentada, estivessem sabotando a tão sagrada meritocracia e traindo o público de alguma forma.

    Publicidade
    VETERANOS - Jamie Lee Curtis, Laura Dern e George Clooney: herdeiros de celebridades que provaram sua força — e até conseguiram superar os pais -
    VETERANOS – Jamie Lee Curtis, Laura Dern e George Clooney: herdeiros de celebridades que provaram sua força — e até conseguiram superar os pais – (Montagem com fotos de Momodu Mansaray/FilmMagic/Getty Images; Jesse Grant/Getty Images; Vivien Killilea/Getty Images; ./Getty Images)

    Os nepo babies da Hollywood atual ganharam evidência ao ser constantemente relacionados aos familiares bem-sucedidos nas redes sociais — o que despertou a percepção da geração Z sobre o tema, levando ao questionamento ético. A lista inclui nomes de estirpe respeitável como Maya Hawke (cria das feras Ethan Hawke e Uma Thurman), Maude Apatow (do comediante Judd Apatow e da atriz Leslie Mann) e Zoë Kravitz (do cantor Lenny Kravitz e da atriz Lisa Bonet). Por vezes, a influência perdura por gerações: é o caso de Dakota Johnson, filha dos atores Don Johnson e Melanie Griffith, e neta de Tippi Hedren, ícone dos anos 1960.

    Querido Menino

    Publicidade

    Como tudo que vira celeuma no Twitter e TikTok, as críticas aos nepo babies são estridentes. Na última semana, um ex-namorado de Lily Rose-­Depp, o queridinho Timothée Chalamet, suscitou discussões sem fim quando seu agente postou no Twitter que há sete anos ele não precisa mais fazer audições para seus papéis. E olha que o rapaz tem credenciais consideradas humildes diante da complexa malha de contatos e privilégios familiares do entretenimento: um tio diretor e mãe ex-a­tri­z. Alguns se sentem irritados com a cobrança. “Para constar, naveguei 44 anos com as vantagens que minha fama associada me trouxe, não finjo que não”, desabafou a veterana Jamie Lee Curtis, filha de dois rostos da era dourada de Hollywood, Tony Curtis e Janet Leigh. “A conversa atual é projetada para diminuir e machucar”, reclamou.

    Um artista nascido em lar estrelado tem vantagens, é evidente. Mesmo que abdique do famigerado pistolão para vencer na carreira, é inevitável que já saia, de largada, com diferenciais como a experiência acumulada dos parentes ou a simpatia do público por eles. Mesmo que não queira, esse legado o perseguirá — às vezes como sina, como mostram os tormentos mentais de celebridades bem-nascidas como Liza Minnelli. Filho dos atores Dennis Quaid e Meg Ryan, Jack Quaid é um caso de artista que quis provar o talento por si próprio: antes do sucesso na série The Boys, aventou mudar seu sobrenome e recusou o mesmo agente do pai. Queria provar que era bom de verdade, e não fruto exclusivo do nepotismo. Não custa lembrar que inúmeros nepo babies conseguiram superar os pais em sucesso e prestígio — como Laura Dern, uma atriz excepcional (e filha de Bruce Dern e Diane Ladd). Ninguém tem culpa se o talento vem de berço.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 25 de janeiro de 2023, edição nº 2825

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Publicidade
    George Clooney: Anatomy of an Actor
    George Clooney: Anatomy of an Actor
    Querido Menino
    Querido Menino

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.