Pesquisadores do Museu Nacional confirmaram o resgate do crânio Luzia, considerado o fóssil humano mais antigo das Américas, com 12.000 anos. Os fragmentos dos ossos foram encontrados nesta semana, pouco mais de um mês depois do incêndio que consumiu o prédio histórico no Rio de Janeiro no começo de setembro.
Até o momento, foram encontradas partes frontais, testa e nariz, e laterais, afirmaram os pesquisadores em coletiva de imprensa. Para a reconstrução, a instituição aguarda o repasse da verba do governo federal, que deve reabrir o laboratório responsável, parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo a arqueóloga Cláudia Rodrigues, que coordena a escavação dos escombros do museu, o crânio sofreu alterações em razão do incêndio. “Nós conseguimos recuperar o crânio de Luzia. É claro que, em virtude do acontecimento, ele sofreu alterações, tem alguns danos. Mas nós estamos comemorando”, disse a arqueóloga. “O crânio foi encontrado fragmentado, e a gente vai trabalhar na reconstituição. Pelo menos 80% dos fragmentos foram identificados.”
Desde a tragédia, havia esperança de recuperação do crânio, um dos principais tesouros arqueológicos do museu. Na época do incêndio, o geólogo Renato Cabral Ramos afirmou que o crânio ficava guardado dentro de uma caixa de metal resistente, em um armário. E foi exatamente nessa caixa, parcialmente destruída, que Luzia foi encontrada.
Achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974, o fóssil trata-se de uma mulher que morreu com idade entre 20 a 25 anos e foi uma das primeiras habitantes do Brasil. O crânio e a reconstituição de sua face — que revela traços semelhantes aos de negros africanos e aborígenes australianos — estavam em exibição no museu. A análise do crânio de Luzia pelo antropólogo Walter Neves mudou as principais teorias sobre o povoamento das Américas. O fóssil é considerado o maior tesouro arqueológico do país.
(Com Estadão Conteúdo)