Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Mostras pelo mundo celebram centenário de Lina Bo Bardi

Duas delas serão inauguradas em SP nesta quarta-feira, no Sesc Pompeia

Por Da Redação
6 out 2014, 21h24

Pelo menos nove exposições devem marcar, no Brasil e em países como Alemanha, Estados Unidos, Itália e Suíça, o centenário de nascimento da arquiteta modernista italiana naturalizada brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992). Duas delas serão inauguradas em São Paulo nesta quarta-feira no Sesc Pompeia, lugar onde Lina deixou sua marca mais forte: a de uma arquitetura pensada para o exercício da cidadania e o convívio interclasses. Por isso mesmo, a primeira das mostras chama-se A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi, cuja curadoria é assinada por dois de seus assistentes, Marcelo Ferraz e André Vainer, colaboradores no desenvolvimento do projeto e obra do Sesc Pompeia, uma antiga fábrica de tambores transformada em centro de lazer, cultural e desportivo no bairro da Zona Oeste, em maio de 1982.

Leia também:

Casa de Vidro de Lina Bo Bardi recebe intervenção da dupla Gilbert e George

A outra mostra, Lina Gráfica, organizada por João Bandeira e Ana Avelar, destaca o lado menos conhecido da artista visual, que começou a desenhar ainda em Roma, influenciada pelos metafísicos italianos (De Chirico, em particular), tornou-se ilustradora no Brasil, criou a revista Habitat no começo dos anos 1950 e desenhou cartazes para filmes e peças que adotaram como referência imagens do cordel brasileiro, isso quando arte erudita e popular não se misturavam.

Continua após a publicidade

Além delas, duas outras exposições seguem em cartaz em São Paulo. O Museu da Casa Brasileira abriga até novembro a mostra Maneiras de Expor, com curadoria de Giancarlo Latorraca, sobre a arquitetura expositiva de Lina. A arquiteta organizou mostras históricas (Caipiras, Capiaus: Pau-a-Pique, Bahia no Ibirapuera), que promoveram a arte popular brasileira. Mais do que isso, levou-a para o interior do Masp, seu projeto mais conhecido que, na verdade, foi originalmente desenhado para São Vicente.

O público pode ver numa das salas do Museu da Casa Brasileira o embrião do Masp, na sede dos Diários Associados. Em outra, o visitante lembra (ou descobre) como era o Masp ao ser inaugurado, em 1968, na Avenida Paulista. Nessa sala, estão seis dos cavaletes de vidro que sustentavam as obras do acervo. A outra mostra citada reúne o mobiliário de Lina na Casa de Vidro, no Morumbi, onde ela morou com o marido Pietro Maria Bardi, que formou a coleção e foi o primeiro diretor do Masp.

O Masp já é tombado pelo Iphan e em 2014 sai o tombamento do Sesc Pompeia. Marcelo Ferraz e André Vainer marcam o centenário com um totem instalado no fim da rua que liga a antiga fábrica ao conjunto esportivo do Sesc Pompeia. Outra novidade: o artista popular Edmar de Almeida fez outra tapeçaria para as paredes do restaurante, onde as mesas são coletivas, justamente para facilitar o convívio.

Continua após a publicidade

“Ela falava que arquitetura era isso, um velhinho, ou uma criança, atravessando elegantemente o espaço do restaurante, à procura de um lugar numa mesa coletiva”, lembra Marcelo Ferraz. Numa era marcada pelo monumental, observa ele, “Lina é uma resposta ao formalismo vazio”, mostrando que forma e função ainda podem caminhar juntas. André Vainer, que trabalhou 15 anos com Lina e Ferraz, diz que o ideário político da arquiteta fez a dupla optar na exposição por três obras, de tempos distintos, que confirmam seu compromisso ideológico.

Nela, o Solar do Unhão, em Salvador, que restaurou, é o marco zero do projeto de Lina Bo Bardi de trabalhar com a cultura do país, justamente no momento embrionário da bossa nova e o Cinema Novo (Glauber Rocha foi seu colaborador). O Masp, já no fim dos anos 1960, inseriu o Brasil no circuito internacional dos museus. Lina queria que o acesso ao acervo do museu fosse democrático – daí a exposição da coleção sem hierarquia de escolas e períodos, com os cavaletes de vidro. Finalmente, no Sesc Pompeia, em 1982, ela concretizou o sonho de unir a fábrica a um centro irradiador da cultura, que não é só a popular ou a erudita, mas a soma de todas as culturas.

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.