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Johnny Massaro, o último romântico

Raro exemplo de 'galã com conteúdo', o ator de 23 anos coleciona trabalhos com os diretores mais respeitados da TV

Por Patrícia Villalba, Rio
Atualizado em 5 jun 2024, 02h51 - Publicado em 24 Maio 2015, 12h25

Quando começou a escolher o elenco da série Amorteamo, no ar às sextas na Globo, a diretora Flávia Lacerda tinha quase certeza de que Johnny Massaro era o nome perfeito para encarnar o lírico Gabriel, herói romântico dividido entre um amor de vida e um amor de morte na Recife do começo do século 20. Mas a agenda do jovem ator de 23 anos já andava a mil desde que, após uma série de nerds excêntricos, ele surpreendeu como o Ferdinando de Meu Pedacinho de Chão, a delicada novela das 6 dirigida por Luiz Fernando Carvalho no ano passado. Ela dava o caso como perdido quando Johnny soube que poderia conciliar as datas e pediu para fazer um teste. “Ele estava em Nova York e me mandou um vídeo que gravou pelo celular. Fiquei encantada”, lembra a diretora em conversa com o site de VEJA.

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Johnny não gravou um vídeo qualquer, apesar do improviso. “Ela me mandou uma cena da própria série, com o Gabriel contracenando com a Lena (papel de Arianne Botelho). Eu pensei ‘e agora?’. E não vi outra saída senão interpretar os dois, contracenando comigo mesmo. Ainda bem que deu certo”, diverte-se o ator. Para Flávia, não teria como dar errado. “Ele tem uma intensidade especial que empresta ao personagem. É um perfil que não é fácil de encontar num jovem ator. Sou muito fã desse rapaz”, derrete-se.

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E quem não é? Espontâneo, disponível e sem medo de errar, ele chama a atenção não só do público, mas principalmente daquele tipo de diretor com o qual “todo mundo quer trabalhar”. Depois de Jorge Fernando, que o dirigiu no remake de Guerra dos Sexos, Luiz Fernando Carvalho e Flávia Lacerda, Johnny se prepara para o set de Amora Mautner em A Regra do Jogo, novela de João Emanuel Carneiro que estreia em agosto – a sua primeira das 9. Entre um trabalho e outro na televisão, ele ainda estará em A Frente Fria que a Chuva Traz, o longa-metragem que marca a volta de Neville de Almeida ao cinema após 15 anos de jejum, e O Filme da Minha Vida, que Selton Mello roda até o fim deste mês na Serra Gaúcha. “Assumi um compromisso comigo mesmo: encarar uma coisa de cada vez. Se eu misturar tudo e ficar pensando no que isso representa, não vou conseguir fazer nada”, diz. “Como estou aqui filmando, resolvi não abrir o pacote de capítulos da novela que recebi”, garante, desviando das perguntas sobre o novo personagem na TV.

Criado no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, filho de um taxista e uma secretária de escola, ele costuma dizer que o teatro foi a única das atividades extracurriculares que conseguiu levar adiante. Judô, futebol e outros esportes não tiveram vez com o menino com alma de poeta, que tinha pavor de Matemática e Física e leu “algumas vezes” os sete livros da coleção Harry Potter. “É, acho que eu sempre fui um cara de Humanas”, diverte-se ele, autêntico representante da geração que atua em várias frentes. Ao mesmo tempo em que participava de três temporadas de Malhação, ele se formou em Cinema, dirigiu curtas-metragens e escreveu peças de teatro. Entre um trabalho e outro no cinema e na TV, prepara o lançamento de um livro de poesias para o começo do ano que vem. “Escrevo desde pequeno, mas estou trabalhando com calma nesse livro porque publicar é muito sério. Fica ali pra sempre, né?”

Ainda adolescente e já com uma série de espetáculos teatrais no currículo, Johnny estreou na TV como o JP de Foribella, novela juvenil que a Band exibiu em 2005. Em 2007, passou num teste da Globo e entrou para o elenco de Malhação. Foram três anos como Fernandinho, personagem dos mais queridos pelo público, mas que quase o prendeu ao estereótipo do “nerd desajeitado” – com algumas novas nuances, o ator repetiria o modelo como o Kiko de Guerra dos Sexos em 2012. E no meio do caminho havia um Luiz Fernando Carvalho. “Meu Pedacinho de Chão foi um divisor de águas na minha carreira, mudou a minha maneira de encarar a TV”, reflete o ator.

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Conhecido nos bastidores pelo processo de crição intenso, o diretor já havia testado vários atores quando Johnny se ofereceu para o papel do engenheiro agrônomo recém-formado e sensível, que entrava num embate com o pai por simbolizar a modernidade. “Escolhi o Johnny justamente por ele não representar nem o temperamento nem o tipo dos galãs descartáveis e oficiais. Além de excelente ator, traz no rosto uma força misteriosa: meio italiano, meio francês, um leste europeu brasileiro – coisa que para Meu Pedacinho de Chão se traduzia em uma máscara perfeita para uma fábula”, observa Luiz Fernando que, por acaso ou não, transformou a carreira de Selton Mello ao dirigí-lo em Lavoura Arcaica, em 2001. “É muito especial estar num set do Selton sabendo que ele tem o Lavoura Arcaica da mesma maneira que eu tenho Meu Pedacinho de Chão“, compara Johnny.

Além da busca pessoal por novos caminhos como ator, o papel mostrou Johnny para o público de uma maneira diferente em comparação aos trabalhos anteriores. Durante a exibição dos primeiros capítulos da novela, quando surgiu de fraque estilizado e charmosos dreadlocks nos cabelos, eram comuns os posts exclamativos no Twitter sobre a beleza do “nerd da Malhação”. Agora, quando está no ar Amorteamo, recebe as juras de amor das moças mais atiradas e tocadas pelo adorável Gabriel – “Fique comigo, que eu estou viva!”, escreveu uma delas quando ele apareceu consternado com o suicído de Malvina (Marina Ruy Barbosa). Em flagrante timidez diante dos galanteios, Johnny sorri – o que, enfim, só reforça o charme. “Não sei o que dizer, porque não me vejo assim. Acho que tem mais a ver com o personagem do que comigo”, arrisca.

Na série de Cláudio Paiva, Guel Arraes e Newton Moreno, Gabriel é um poeta recifense um tanto pálido e melancólico, como se poderia imaginar de um Augusto dos Anjos. Com uma vida marcada por uma tragédia familiar, ele é apaixonado por uma amiga de infância, Lena (Arianne Botelho), mas é obrigado a firmar compromisso com Malvina. Ao ser abandonada na igreja, a moça se atira de uma ponte, o que instala uma culpa tremenda no herói. Num evento sobrenatural, Malvina voltou do mundo dos mortos no capítulo da última sexta (22), mais apaixonada do que nunca. Resta saber o que será do coração de Gabriel quando a história terminar, daqui a duas semanas. Estará apaixonado? Poeta como o personagem, Johnny confessa se identificar com a estética e os exageros do romantismo. “Mas acho que sou menos romântico do que gostaria, ou talvez admita”, reflete, com imprecisão lírica.

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