Johnny Depp: Adeus, pirata do Caribe
De tão aliviado, o ator mudou até o visual: o vilão virou mocinho e foi recebido de braços abertos pelos fãs
Nada como um julgamento depois do outro para um vilão virar mocinho e ser recebido de braços abertos pelos fãs. Johnny Depp, de tão aliviado, mudou até o visual: saem o bigode, o cavanhaque e o rabinho de cavalo (com eventuais retornos à bandana do pirata Jack Sparrow), entram a cara barbeada e os cabelos coloridos. Assim ele surgiu ao lado do guitarrista britânico Jeff Beck, seu antigo parceiro musical, no Helsinki Blues Festival, na Finlândia, de onde saiu aplaudidíssimo. A dupla com Beck começou com sua entrada de surpresa em um show do guitarrista cinco dias antes do fim do julgamento em que o ator e sua ex-mulher Amber Heard pediam indenizações e acusavam-se mutuamente de agressões. Depp ganhou em todas as frentes. No tribunal, Amber foi condenada a lhe pagar 10 milhões de dólares e vai receber dele meros 2 milhões. No palco, todas as apresentações até agora foram acolhidas com frenético entusiasmo por plateias lotadas (apesar do talento considerado mediano na guitarra). A reação do público comprova que Depp, a quem no tribunal foram atribuídos atos horripilantes de violência, movidos a drogas e bebidas e descritos em detalhes, conseguiu virar a mesa, pregar em Amber a imagem de mulher interesseira e manipuladora e sair do julgamento mais admirado do que antes. Dizendo-se disposto a mudar de vida (até porque os bons papéis sumiram), Depp anunciou que vai investir a sério na carreira musical e divulgou seu primeiro single de trabalho, com letras sobre — óbvio — os malefícios da fama.
Publicado em VEJA de 29 de junho de 2022, edição nº 2795