Ingleses apagam grafite de Banksy tachado de racista
Ígnorando a assinatura famosa, distrito remove sátira das políticas anti-imigração por considerá-la racista e ofensiva
Um grafite do artista de rua Banksy foi removido de um muro na cidade de Clacton-on-Sea, na Inglaterra, por um aparente mal-entendido: foi considerado ofensivo e racista, quando, ao contrário, fazia justamente uma crítica ao racismo e a políticas anti-imigração. A sátira consistia de cinco grandes pombas cinzentas “intimidando” um passarinho colorido com cartazes com frases como “volte para a África” e “imigrantes não são bem-vindos”.
O assessor de comunicação do conselho do distrito de Tendring, Nigel Brown, afirmou que recebeu reclamações na última terça-feira de que havia uma pintura com referências racistas em um prédio da região. “O local foi inspecionado por uma equipe especializada, que concordou que o desenho poderia ser considerado ofensivo e iniciou o processo de remoção”, disse.
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Tanto Brown como o conselho local só souberam que se tratava de uma obra de Banksy quando o artista publicou a imagem em seu perfil no Instagram e em seu site, na última quarta-feira. A decisão de removê-la, contudo, já havia sido tomada – o que, dado o prestígio do grafiteiro, significa jogar fora centenas de milhares de dólares. “Nós, obviamente, receberíamos bem uma obra de Banksy adequada”, disse Brown. “Ficaríamos honrados se ele retornasse.”
Um representante do artista afirmou que o artista não irá se pronunciar a respeito da decisão do conselho. O grafiteiro, cuja identidade não é conhecida, é famoso por trabalhos de forte conotação política, críticas ácidas, irônicas e bem-humoradas. As pombas anti-imigração foram grafitadas a poucos dias de uma eleição extraordinária no distrito, agendada para o dia 9, motivada pela decisão de um congressista de trocar o partido Conservador pelo ultradireitista Partido da Independência da Grã-Bretanha, criado em 1993 com a missão de tirar o país da União Europeia.