A Império Serrano vai ter dificuldades para se manter no Grupo Especial das escolas de samba do Rio de Janeiro após o desfile deste domingo, 3, no Carnaval carioca. A escola cantou na Marquês de Sapucaí o samba de Gonzaguinha, alçado à condição de samba enredo – algo que O Que É, o Que É? nunca foi. Conhecida, até que animou parte do público, mas não foi a apoteose esperada.
A simplicidade de alegorias e fantasias deixou evidente a falta de dinheiro da Império e, para piorar, choveu durante boa parte do desfile, o que complicou a apresentação.
Ainda houve falhas técnicas graves: diante da primeira cabine de jurados, a porta-bandeira Veronica Lima deixou que o pavilhão se enrolasse no mastro, falta grave. A decisão do carnavalesco Paulo Menezes de colocar o casal num tablado que alcançava 4 metros de altura não ajudou: Veronica admitiu que morre de medo de altura.
A bateria, porém, merece aplausos: no verso que falava da batida de um coração, os surdos reproduziam os batimentos cardíacos.
Arlindo Cruz: medo do samba não funcionar
A escolha de usar a canção como samba-enredo não agradou Arlindo Cruz, como contou seu filho, Arlindinho, a VEJA. O sambista, que ganhou onze Carnavais na escola da Zona Norte do Rio, se recupera de um acidente vascular cerebral sofrido em março de 2017 e foi representado pelos filhos durante a passagem da agremiação do coração.
“Ele ficou com medo de o samba não funcionar na avenida quando contei ele que iríamos desfilar com um samba já gravado”, afirmou Arlindinho, que, por sua vez, fez avaliação positiva do desfile. “Eu também tinha esse receio, mas vou para casa contar para ele que funcionou muito bem na avenida.”
Arlindo Cruz foi homenageado pela X-9 Paulistana, em São Paulo, e desfilou acompanhado da família na sexta-feira 1. Ele foi de helicóptero do Rio para a capital paulista e passou pelo Anhembi amparado por uma equipe de enfermeiros. “Ele se divertiu e sentiu um pouco do quanto é amado”, disse Arlindinho.