Ator, dramaturgo e palhaço, Hugo Possolo será o próximo diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo. Criador do grupo teatral Parlapatões, articulador histórico do movimento do teatro de grupo em São Paulo e jornalista de formação, Possolo anunciou em suas redes sociais nesta terça-feira, 26, que aceitou o convite do secretário municipal de Cultura da capital paulista, Alê Youssef, para assumir a cadeira vaga há dois anos.
Possolo tem como primeira missão preencher a grade de programação da casa, como parte de um projeto batizado Novos Modernistas, em referência à Semana de Arte Moderna de 1922. A expectativa é que ao lado dos eventos musicais, que dominam hoje o cardápio da instituição, o dramaturgo engorde a programação com produções teatrais e circenses, suas especialidades. Especula-se que, pela ligação temática com a semana modernista, a literatura e as artes plásticas também possam estar entre as escolhas da nova direção.
Hugo vai dirigir também a ocupação artística da Praça das Artes, espaço aberto que pertence ao Teatro Municipal. A ocupação não está definida, mas já tem data de inauguração: 23 de março.
A direção artística do Teatro estava vaga desde que Cleber Papa deixou a cadeira, em 2017. Desde lá, a programação era coordenada por uma organização social, a Odeon, em conjunto com a presidente da Fundação Theatro Municipal, Patrícia Oliveira, que se demitiu no início deste mês, e pelo ex-secretário André Sturm, que deixou a função em janeiro.
O dramaturgo assume uma das instituições artísticas mais tradicionais da capital paulista em uma das piores crises éticas de sua história, que se desenrola desde 2016, quando o Ministério Público começou a investigar o desvio de verbas, hoje apurado em de 15 milhões de reais, envolvendo diretamente o diretor artístico de então, o maestro John Neschling. As desavenças decorrentes do poder dividido da administração do Teatro Municipal desde o começo da crise estão no centro da decisão que colocou o produtor e agitador carnavalesco Alê Youssef na Secretaria de Cultura de São Paulo, no lugar do cineasta e ex-diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) André Sturm.