Em uma homenagem indireta, o Festival de Cannes escolheu o filme Pierre Le Fou, de Jean-Luc Godard, 87 anos, como imagem para o (belo) cartaz de sua 71ª edição. O gênio na Nouvelle Vague, e óbvio orgulho dos franceses, passa pela oitava vez pela seleção oficial do evento. Apesar de nunca ter ganho uma Palma de Ouro, o diretor continua com acesso livre para exibir nas salas do Palais des Festival seus trabalhos experimentais, caso de Le Livre d’Image (O Livro de Imagens, em tradução direta), apresentado nesta sexta-feira.
Ao longo de 1h30, Godard recorta de tudo um pouco, em uma colagem que se aproxima de uma instalação artística. Filmes franceses, americanos, espanhóis, entre outros, aparecem em trechos intercalados por frases, poemas, obras de arte, cenas de jornais, filmagens amadoras feitas com celular e até vídeos de execução do Estado Islâmico.
As mensagens são várias, mas podem ser resumidas em uma crítica política aos poderosos do nosso tempo, os quais o cineasta chama de “imbecis” em determinado momento. A negligência ao mundo árabe e os excessos dos ocidentais também faz parte da colcha de retalhos metafórica do veterano.