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Film Socialisme: Jean-Luc Godard faz crítica política com filme-manifesto

Diretor francês octogenário constrói obra com imagens e roteiro fragmentados

Por Rodrigo Levino
3 nov 2010, 12h58

Ao revisitar a iconografia européia Godard lastreia com cinismo e sarcasmo a sua crítica

Um dos pilares da Nouvelle Vague, o movimento que marcou época no cinema francês na década de 1960, cujos ecos de inovação artística e ideologização das obras se ouvem até hoje, o cineasta Jean-Luc Godard diferenciou-se dos seus pares como Claude Cabrol e François Truffaut também por, desde o princípio, desenvolver teses com a câmera.

Alphaville, filme de 1965, uma distopia onde os sentimentos são postos em suspenso por um robô que a tudo controla, é um exemplo de como o cinema sempre esteve à mão de Godard para fomentar a crítica política e social.

Em Film Socialisme, seu novo longa-metragem, quando põe mais uma vez o cinema a serviço de suas particularidades, Godard, aos 80 anos, promove um tour de force por imagens fragmentadas, uma engenhosa edição de áudio e um roteiro que se assemelha a uma colcha de retalhos para discutir o capitalismo, o eurocentrismo e o futuro das ideologias.

O diretor cobra fôlego e disponibilidade do espectador para apreender suas intenções. Numa análise superficial, Film Socialisme é enfadonho tanto quanto as idéias do seu criador, pendidas à esquerda. Mas é do humor cortante e das reflexões taquigráficas que emergem as pérolas do filme, que se passa num cruzeiro em viagem pelo Egito, Odessa, Palestina, Barcelona, Nápoles e Grécia.

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Ao revisitar a iconografia européia, inclusive a cinematográfica com imagens de O Encouraçado Potemkin, de Eisenstein, ou referindo-se a textos políticos do filósofo francês Jean Baudrillard, Godard lastreia com cinismo e sarcasmo a sua crítica aos mercados (“O que faremos agora que acabaram os paraísos fiscais? Ah, podemos viver bem aqui no inferno”), a Hollywood (“É irônico que um lugar fundado por judeus seja chamado de a ‘Meca do cinema'”), ao acesso a arte (“Quando a lei está errada, a justiça chega antes da lei”).

Film Socialisme, uma grande tese filmada, passa longe de ser empolgante e poderia com muito mais propriedade ser chamado de manifesto. Coisa que tem lá a sua cota de ultrapassado e que, não viesse acompanhado pela grife Godard solidificada há meio século, causaria menos alvoroço e meditação do que almeja ou teria o público se sentindo com menos dever de pactuar com o diretor.

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