‘Fallen’, versão do best-seller teen, é tão caído quanto o título
Atuações amadoras e cortes de câmera de dois em dois segundos transformam o filme em algo previsível e sem atrativo visual
Lucinda Price, “Luce” (Addison Timlin), é uma adolescente desajustada sem qualquer motivo aparente, que descobre um fator místico capaz de justificar a sua existência. Místico e, veja só, romântico. A premissa de Fallen não é nenhuma novidade. E não é apenas esse o problema da história do best-seller de Lauren Kate, que chega nesta quinta-feira aos cinemas. Atuações amadoras e cortes de câmera de dois em dois segundos — típicos de clipes musicais — transformam Fallen em um filme previsível e sem nenhum atrativo visual. Versão angelical das histórias amorosas com vampiros, lobisomens e bruxos, Fallen é tão batido e caído quanto indica o seu título.
Luce tem uma relação especial com Daniel Grigori (Jeremy Irvine), o clássico bonitão-solitário-enigmático, que com a sua atitude hostil esconde o seu passado, quando era um anjo e se recusou a escolher um lado na luta entre Deus e o Demônio, em nome do amor por uma mortal (a Lucinda das vidas passadas). Descontente com a situação, Lúcifer jogou uma maldição sobre o casal, pela qual a garota iria morrer sempre que consumasse seu amor por Daniel, que viria a reencontrar pela eternidade, enquanto ele permaneceria vivo e jovem como um vampiro.
Do outro lado, há Cam Briel (Harrison Gilbertson), um egresso partidário de Lúcifer. Tudo indica que a sua função era matar Luce, mas, incrivelmente, a falta de sal da protagonista conquistou o bad boy, que agora luta pelo amor dela. O espectador fica, então, frente a um triângulo amoroso: Daniel, o misterioso jovem do bem, com seu penteado à prova de cenas de aventura; a mocinha mártir e songa-monga, e o único personagem com um fundo interessante, mas transformado em bobo pelo amor.
O trio principal, bem como outros anjos decaídos — daí o nome Fallen (caído, em português) –, frequenta o reformatório Sword & Cross para adolescentes problemáticos. O lugar é um verdadeiro reduto da juventude criminosa de Angel Groove (a cidade em que se passa a trama), mas não conta com nenhuma supervisão policial, apenas com um psicólogo esporádico. É um tanto quanto curioso que o pior acontecimento de lá sejam anjos caminhando pelos corredores.
Uma franquia para os cinemas de Fallen é, no entanto, incerta. “Nós adoraríamos fazer os outros três filmes, já estamos até produzindo o roteiro de Tormenta e os atores estão ansiosos para gravá-lo, mas tudo depende do sucesso e arrecadação de Fallen”, contou a autora Lauren Kate ao site de VEJA.
Difícil prever se o projeto sairá do papel. Fallen é mesmo caído. O lenga-lenga entre Luce, Daniel e Cam envolto pela atmosfera fantástica, no entanto, pode conquistar milhares de adolescentes ao redor do mundo.