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Exposição de Ai Weiwei em Londres é suspensa após post sobre judeus

Em meio à guerra de Israel-Hamas, artista chinês compartilhou opinião que, segundo galeria de arte, poderia ser antissemita

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 nov 2023, 16h21 - Publicado em 15 nov 2023, 16h14

A galeria de arte londrina Lisson suspendeu a exposição do artista plástico chinês dissidente Ai Weiwei  após o mesmo ter feito posts no X (antigo Twitter) sobre judeus e a guerra Israel-Hamas. Com obras inéditas do ativista, a mostra entraria em cartaz nesta semana. Weiwei defendeu a importância da liberdade de expressão após a decisão da galeria.

Na publicação em questão, o artista dizia: “O sentimento de culpa em torno da perseguição ao povo judeu foi, por vezes, transferido para compensar o mundo árabe. Financeiramente, culturalmente e em termos de influência mediática, a comunidade judaica tem tido uma presença significativa nos Estados Unidos. O pacote anual de ajuda de 3 bilhões de dólares [2,4 bilhões de libras] a Israel tem sido, durante décadas, considerado um dos investimentos mais valiosos que os Estados Unidos alguma vez fizeram. Esta parceria é frequentemente descrita como um destino partilhado”. Em outros posts feitos em sua rede social, Weiwei defende o cessar-fogo.

Ainda não se sabe se a exposição será remarcada, mas, em entrevista ao veículo Art Newspaper, Weiwei disse que a a mostra foi cancelada e que a decisão fora tomada para “seu bem-estar” e evitar conflitos. A galeria Lisson disse que houve extensas conversas com o artista após o comentário postado na internet. “Juntos concordamos que agora não é o momento certo para apresentar o seu novo conjunto de obras. Não há lugar para um debate que possa ser caracterizado como antissemita ou islamofóbico num momento em que todos os esforços deveriam ser para acabar com o sofrimento trágico nos territórios israelitas e palestinos. Ai Weiwei é bem conhecido pelo seu apoio à liberdade de expressão e por defender os oprimidos, e respeitamos e valorizamos profundamente a nossa relação de longa data com ele”, diz a nota a galeria.

Ai Weiwei reforçou que, em seu tuíte, “tentou ser objetivo e neutro sem julgamento moral, acusações ou avaliação das ações humanas”, mas disse compreender que “o comportamento social, seja  nacional, coletivo ou religioso, não pode ser simplificado”. O chinês ainda questionou a o uso da liberdade de expressão. “Se não podemos usar formas simples para expressar uma questão complicada, isso significa que a expressão se torna desnecessária, ou que a chamada expressão ‘incorreta’ se torna desnecessária? Este é um aspecto fundamental da liberdade de expressão. Para quem trabalha com arte, expressão nunca foi uma questão de buscar a expressão correta”, defendeu.

O artista nasceu em Pequim, crescendo em campos de trabalhos forçados no noroeste da China após o exílio do seu pai, o poeta Ai Qing. Depois de ser exilado com sua mãe em Xinjiang e retornado a Pequim dezesseis anos depois, ele conseguiu estudar cinema e arte, se tornando então escultor e ativista pelos direitos humanos, além de crítico ferrenho ao regime autoritário chinês. Ele chegou a ficar preso por 81 dias em 2011 por suas alegações de “crimes econômicos” — após ter denunciado corrupção do governo chinês. Atualmente mora entre Cambridge e Portugal.

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“Sempre considerei a liberdade de expressão um valor pelo qual vale a pena lutar e cuidar, mesmo que isso me traga vários infortúnios. Meu pai, como poeta, sofreu tratamento injusto, detenção, reforma trabalhista e quase perdeu a vida simplesmente por causa de sua atitude. Se ele tivesse perdido a vida, eu não existiria. Opiniões incorretas devem ser especialmente encorajadas. Se a liberdade de expressão for limitada ao mesmo tipo de opinião, torna-se uma prisão de expressão. A liberdade de expressão tem a ver com vozes diferentes, vozes diferentes das nossas”, concluiu.

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