Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Estudos mostram que ler textos em suportes impressos é mais saudável

Além de ser mais agradável, o hábito ajuda mais na absorção da informação do que a leitura em dispositivos digitais

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h27 - Publicado em 30 out 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • As telas de smartphones, tablets e computadores se tornaram onipresentes nas duas últimas décadas. Nesta nova era tecnológica, a maior parte das atividades humanas ligadas ao trabalho e ao lazer pode ser realizada diante delas — na verdade, nada parece escapar ao domínio digital. Não seria diferente com a leitura. Estudantes se preparam para provas na companhia indispensável de celulares, acadêmicos esquadrinham textos de fôlego em aparelhos eletrônicos, literatos consomem milhões de palavras em dispositivos como Kindle e afins. Se é inegável que o conhecimento está mais acessível, descobriu-se agora que as telas podem afetar a assimilação da leitura. Segundo estudo conduzido por cientistas da Noruega e da França, o bom e velho papel é mais eficaz para fixar as narrativas.

    A pesquisa comparou a leitura de um texto longo em um aparelho digital com a sua versão impressa. Cinquenta jovens adultos com idades em torno de 25 anos, dos quais dezoito homens e 32 mulheres, receberam a novela Lusting for Jenny, Inverted, de Elizabeth George, em um dos dois formatos. Ao fim das 28 páginas, o grupo fez uma série de testes para medir os vários níveis de absorção da história de suspense. Os resultados mostraram que a compreensão foi semelhante em ambas as mídias, mas os leitores da versão impressa eram mais propensos a lembrar com precisão a ordem cronológica do texto. Ou seja: o papel inegavelmente venceu o digital.

    A impressão fornece pistas sensoriais e motoras que aumentam o processamento cognitivo. Traduzindo: ao segurar um livro, somos constantemente lembrados de quantas páginas lemos e quantas restam para terminar. Além disso, podemos virar as folhas e voltar no texto conforme acharmos necessário. Tudo o que envolve a leitura, da visualização das palavras ao peso, passando até mesmo pelo cheiro, ativa várias áreas do cérebro de uma só vez, estimulando e facilitando o aprendizado. “É quase como meditar”, diz Anne Mangen, professora do Centro para Educação e Pesquisa em Leitura da Universidade de Stavanger, na Noruega, o principal nome do levantamento comparativo.

    arte leitura digital

    A impressão, reafirme-se, é visualmente menos exigente do que o texto digital, que tem por característica ser mais dispersivo em razão dos estímulos emanados da tela e da associação com atividades lúdicas. “Quando você está lendo em um nível superficial, não está necessariamente dando atenção aos tipos de detalhes que permitirão que compreenda a mensagem mais facilmente e melhor”, diz a neurocientista americana Maryanne Wolf, professora da Universidade da Califórnia e autora do recém-lançado O Cérebro no Mundo Digital (Editora Contexto). “As leituras no meio impresso e no digital são, de fato, diferentes.” Maryanne mostra que há uma escala de distração para textos impressos, monitores de computador e leitores digitais. O papel é o menos dispersivo e a tela do computador o que causa mais distração, enquanto os e-books estão no meio por causa da tinta eletrônica e outras características que atenuam o esforço de leitura.

    Continua após a publicidade

    Falar é uma habilidade natural do ser humano. Ler e escrever, não. A alfabetização tem pouco mais de 5 500 anos. Os primeiros livros impressos apareceram em torno de 23 a.C., em Roma e no Oriente Médio. O processo de impressão manual, invenção de Gutenberg, surgiria apenas por volta de 1430. Para a atividade da leitura, usamos outra capacidade que nos é atávica, o reconhecimento de objetos. Na mente do leitor, as palavras são associadas a elementos físicos dispostos em um cenário igualmente real, as páginas. Pesquisas nesse campo demonstram que o leitor, ao pensar em informações absorvidas de um texto, tende a lembrar do ponto físico onde elas foram lidas. O texto impresso, portanto, funciona como um mapa que ajuda nessa localização.

    Na perspectiva histórica, o aprendizado da leitura transformou os circuitos neurais do cérebro e o desenvolvimento intelectual da espécie humana. “A transição para uma época digital está afetando todos os aspectos de nossa vida, incluindo o desenvolvimento intelectual de cada novo leitor”, escreveu Maryanne em um artigo para o jornal americano The New York Times. A boa notícia é que o papel desfruta excelente reputação. Realizada no ano passado, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil evidencia que, ao menos entre apreciadores de literatura, 70% preferem os livros físicos. O papel, como se vê, está longe de morrer.

    Publicado em VEJA de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.