De Kubrick a Ai Weiwei, cinco bons filmes da Mostra de SP para ver on-line
Tradicional evento paulistano vai acontecer majoritariamente de forma virtual, com ingressos vendidos por 6 reais
Para driblar a pandemia, a 44ª Mostra de SP se adaptou a um modelo híbrido. Entre os dias 22 de outubro a 4 de novembro, o evento apresenta 198 filmes em plataformas digitais (Mostra Play, o Sesc Digital e a Spcine Play), e em dois cinemas ao ar livre (o Belas Artes Drive-In e o CineSesc Drive-in). Os ingressos para assistir às produções pela internet podem ser adquiridos a partir desta quinta-feira no site da Mostra, e custam 6 reais por filme — cinéfilos devem garantir logo a entrada, já que alguns serão limitados a 2.000 acessos.
Abaixo, VEJA listou cinco filmes que valem o ingresso:
Coronation
Dirigido de forma remota pelo artista plástico chinês Ai Weiwei, exilado em Portugal, o documentário acompanha a força-tarefa de contenção ao coronavírus em Wuhan. As imagens foram feitas por amigos e ex-funcionários do diretor, que conseguiram um acesso inédito às entranhas da pandemia. O controverso longa faz uma crítica às autoridades chinesas, que inicialmente negaram a transmissão do novo vírus, ocultaram números e puniram médicos que divulgaram informações não-autorizadas. “Estou acostumado a fazer filmes que expõem a realidade do meu país de um modo que o governo não gosta de expor”, disse Weiwei em entrevista exclusiva a VEJA.
A Machine to Live In (Uma Máquina para Habitar)
O filme observa a cidade de Brasília em um misto de documentário poético com ficção distópica. Seus moradores e sua arquitetura são os responsáveis pelo tom documental, enquanto a outra parte do roteiro mergulha na aura mística da cidade e sua atração pelo poder, seja político ou religioso. A produção vale a pena pelas curiosidades do roteiro, seu ritmo hipnótico e pelas belíssimas imagens gravadas ao longo de oito anos por quatro amigos que se conheceram nos Estados Unidos antes de atracar no Brasil: o israelense Yoni Goldstein e a americana Meredith Zielke, que assinam a direção, o produtor Andrew Benz, também americano, e o peruano Sebastian Alvarez.
Verlust
Assinado pelo diretor Esmir Filho, da série da Netflix Boca a Boca, Verlust é um complexo drama de uma família nada tradicional. Frederica (Andrea Beltrão) é a empresária da cantora Lenny (Marina Lima), com quem construiu mais que uma amizade: as duas ostentam uma ligação emocional, financeira e física. A empresária é casada com o fotógrafo de Lenny com quem tem uma filha adolescente. O grupo se prepara para celebrar uma festa de Ano Novo em uma bela mansão na praia, enquanto lida com a presença do biógrafo João Wommer (Ismael Caneppele), que está ali para escrever sobre Lenny. Desencadeiam-se crises de diversas vertentes, especialmente depois que uma criatura misteriosa encalha na praia diante do casarão onde eles estão.
Curral
O chamado “Brasil profundo” é tema do filme do pernambucano Marcelo Brennand, que leva para a ficção o aprendizado obtido com o elogiado documentário Porta a Porta, sobre a compra de votos em uma cidade do interior do Nordeste nas eleições de 2008. Na trama, Chico Caixa (Thomás Aquino) é aliciado por um antigo amigo e agora candidato a vereador em Gravatá, Pernambuco. Ele precisa de ajuda para conquistar votos em bairros populares e na zona rural – locais onde nunca antes pisou. A melhor distribuição de água é a principal moeda de troca nas promessas eleitoreiras, além da literal compra de votos e garantias de vagas de emprego na prefeitura após a eleição. Com um pé no subgênero nacional árido movie, o filme prende ao usar um exemplo no micro que exemplifica a política brasileira no macro.
Kubrick por Kubrick
Com uma coleção ampla e rara de depoimentos do próprio cineasta Stanley Kubrick, além de entrevistas com profissionais que trabalharam com ele, o documentário investiga a obra, os métodos e o legado do diretor de filmes indefectíveis como 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e O Iluminado (1980). O material foi reunido pelo pesquisador e crítico francês Michel Ciment ao longo de 30 anos, somado a arquivos inéditos cedidos pela família do diretor.