Datas: a arquitetura como manifesto
Lina Bo Bardi receberá postumamente o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza pelo conjunto da obra
Arquiteta italiana radicada no Brasil, Lina Bo Bardi foi uma das mais fascinantes e relevantes figuras da cultura brasileira do século passado. Ao morrer, em 1992, aos 77 anos, deixou como legado um trabalho extraordinário, mundialmente reputado. Na segunda-feira 8, foi anunciado que ela receberá postumamente o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza pelo conjunto da obra. Casada com o crítico de arte, curador e criador do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Pietro Maria Bardi (1900-1999), Lina chegou a São Paulo aos 32 anos, em 1946. Rapidamente demonstrou infinita capacidade de mexer com as estruturas estabelecidas — inclusive do ponto de vista da física dos materiais. Convidada a erguer a nova sede do Masp, em meados dos anos 1960, desenhou um vão livre de 70 metros e apenas quatro colunas de concreto para sustentar o edifício. Foi dela também a ideia de pôr as telas da pinacoteca encaixadas em placas de vidro. Das pranchetas brotavam construções de integração à paisagem em elegantes formas arquitetônicas, geralmente caixas de concreto e vidro. Ao definir os traços do Sesc Pompeia, em São Paulo, inaugurado em 1986, ela resumiu sua trajetória artística: “Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito”.
Um não à violência sexual
A Corte de Apelação de Milão publicou, na terça-feira 9, o texto que confirma a sentença do jogador Robinho a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa ocorrido em 22 de janeiro de 2013, na casa noturna Sio Café. Na época, o atacante brasileiro atuava pelo Milan. A decisão foi proferida no último dia 10 de dezembro, mas só foi formalizada um dia antes do vencimento do prazo legal. Agora, caberá à defesa do atleta recorrer com pedido de recurso na Corte de Cassação, equivalente à terceira instância. O prazo é de 45 dias. Robinho chegou a ser anunciado pelo Santos em outubro do ano passado, naquela que seria sua quarta passagem pelo clube. A repercussão ruim sobre o processo fez com que o Santos suspendesse a contratação.
O inventor da fita cassete
Foi um susto quando o engenheiro holandês Lou Ottens, chefe de desenvolvimento de produtos da Philips, esteve em uma reputada feira de eletrônicos na Alemanha, em agosto de 1963, levando a tiracolo uma invenção que chamou de “compact cassette”. Aquela caixinha mataria os grandalhões sistemas de bobina — assim como os CDs, e mais recentemente o streaming, matariam a fita K7, apesar de alguns espasmos saudosistas. Desde a apresentação de Ottens até hoje, foram vendidos mais de 100 bilhões de unidades de cassete. O inventor morreu aos 94 anos, em 6 de março, em Duizel, na Holanda, de causas não reveladas.
Publicado em VEJA de 17 de março de 2021, edição nº 2729