No dia em que a Academia Sueca anunciará o novo Nobel de Literatura, faleceu em Milão, aos 90 anos, o vencedor da premiação em 1997, o italiano Dario Fo. De acordo com o diretor do departamento de Pneumologia do hospital Sacco, Luigi Legnani, onde Fo estava hospitalizado, o escritor havia sido “internado há 10 dias por uma insuficiência respiratória ligada a uma doença pulmonar existente há anos – uma doença silenciosa e progressiva”.
Escritor, dramaturgo, ator, diretor, pintor, cenógrafo, Fo era um artista completo e, como se definia, “um giullare” moderno. A expressão refere-se aos artistas medievais que faziam de tudo ou ainda aos bobos da corte que entretinham a realeza.
Ao lado da esposa, Franca Rame, o italiano tornou-se um dos maiores símbolos da cultura local, e também um dos mais destacados ativistas do país. No dia em que foi premiado com o Nobel, em 9 de outubro de 1997, a Academia lhe entregou a honra dizendo que “seguindo a tradição dos ‘giullares’ medievais, ele delega poderes ao restituir a dignidade aos oprimidos”. Fo deixa um filho, Jacopo, fruto de seus longo casamento com Rame – falecida em 2013.
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Conhecido por sua inquietude e criatividade, mesmo aos 90 anos, o artista tinha planos para sua arte. Nascido em 24 de março de 1926, em Sangiano, o escritor tinha em Milão sua cidade de residência. Com um vasto repertório de obras, a morte de Fo foi lamentada por autoridades e artistas. “Com [a morte] de Dario Fo, a Itália perde um de seus grandes protagonistas do teatro, da cultura, da vida civil do nosso país. A sua sátira, a pesquisa, o trabalho em cena, a sua variada atividade artística deixarão a herança de um grande italiano no mundo”, disse o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, em um comunicado.
Já Beppe Grillo, presidente do Movimento Cinco Estrelas – ao qual o escritor era muito ligado -, disse que Fo “estará sempre conosco” e para que os italianos sigam um de seus últimos pronunciamentos: “façam vocês mesmos”. O autor de “Gomorra”, Roberto Saviano, lamentou a morte do italiano pelo seu Facebook. “Não há intelectual, poeta, escritor, dramaturgo, ator ao qual eu seja mais ligado que a Fo. E sou devedor de seu apoio e proteção. A dor que sinto agora é muito grande e sem medidas. É o reconhecimento de um gênio verdadeiro, não só do teatro e da literatura, mas sobretudo de vida”, escreveu.
(Com ANSA)