Filme pega emprestado do Facebook o segredo do sucesso, ao abordar temas e sentimentos universais, como carência, vaidade e interesse na vida alheia – molas-mestras dos sites de relacionamento
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A trajetória de um gênio de Harvard que, carente de amigos, inventa uma rede social na internet e torna-se o mais jovem bilionário do mundo é cinematográfica por si só. Mas, nas mãos do diretor David Fincher – o mesmo de Seven (1995) e Clube da Luta (1999) -, o que já era uma boa história no livro The Accidental Billionaires, de Ben Mezrich, transformou-se num filme aclamado pelo público e pela crítica nos Estados Unidos. Não sem muitas especulações sobre a provável indicação de A Rede Social ao Oscar.
Promissor estudante de Ciências da Computação na mais famosa e prestigiada universidade do mundo, Mark Zuckerberg, apesar da inteligência aguçada, nunca foi hábil na arte de fazer e cultivar amigos. O anseio pela aceitação não era exclusivo dele. Ao contrário, tratava-se de um sentimento comum entre todos os alunos que sonhavam pertencer a uma das fraternidades da elite de Harvard. Um site de relacionamentos que agregasse perfis dos universitários de Harvard – bons partidos para garota nenhuma botar defeito – era, definitivamente, uma excelente idéia.
Foi essa sacada que levou à gênese do que se tornaria o Facebook: a maior rede social do mundo, com um valor de mercado estimado em cerca de 30 bilhões de dólares. Com um retrospecto desses, ninguém titubearia ao classificá-lo como um homem bem-sucedido. Mas o conceito de sucesso é relativo e depende, sobretudo, do objetivo almejado. E, se a meta de Zuckerberg era fazer amigos, vale lembrar que junto com os bilhões vieram os inimigos. Disputas judiciais e brigas sobre direitos autorais o separaram do seu único e melhor amigo, o brasileiro e co-fundador do Facebook, Eduardo Saverin.
Aliás, o livro que deu origem ao roteiro teve como principal fonte o brasileiro, primeiro sócio e diretor financeiro da empresa. Zuckerberg, que sempre se negou a conversar com o escritor, diz que o filme não passa de ficção e jura que não irá assisti-lo no cinema. O fato é que ele não tem motivos para tanto melindre. Apesar de expor certas fragilidades do protagonista, a história levada às telas é favorável a ele.
O filme pega emprestado do Facebook o segredo do sucesso, ao abordar temas e sentimentos universais, como carência, vaidade e interesse na vida alheia – molas-mestras dos sites de relacionamento. A esses se somam elementos como ambição, ganância e traição.
A Rede Social, que chega ao Brasil no dia 3 de dezembro, estreou no início de outubro em 2.800 salas dos Estados Unidos e do Canadá e já é um sucesso. O cartaz que divulga o filme lá fora traz um slogan intrigante: “Você não conquista 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos”. O número é uma referência ao total de perfis cadastrados no Facebook. Resta saber quantos amigos o bilionário Zuckerberg, hoje com 26 anos, conseguiu cativar no mundo real.