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Como Alice Cooper redefiniu o rock há 50 anos com ‘Love it to Death’

Na época, o disco revelou ao mundo a pulsante cena artística da cidade de Detroit, que tinha nomes como MC5 e The Stooges

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 mar 2021, 11h27 - Publicado em 8 mar 2021, 11h14

Houve uma época em que o rock and roll era realmente selvagem. Mais do que isso: ele era teatral, assustador, grotesco, enfim, um som infernal – e muito bom! E no meio disso tudo estava Alice Cooper. Há exatos 50 anos, Cooper lançava seu primeiro grande sucesso comercial, o álbum Love It to Death, fruto de uma mudança geográfica: depois do estrondoso fracasso de seus dois primeiros discos, gravados em Los Angeles, o artista virou seus olhos para a sua cidade natal, a industrial Detroit, onde uma pulsante cena artística surgia. Assim, ele voltou para lá de mala e cuia.

Encontrar o som que mudaria a carreira de Cooper, e por consequência, redefiniria o conceito de rock and roll, não foi fácil. Mais do que boa música, o artista transformou o palco de rock em um tablado teatral, onde se apresentava usando calcinhas ensanguentadas, exibia cobras (de verdade) em seu pescoço e tinha sua própria cabeça decepada por uma guilhotina (de mentirinha, é claro). Em uma entrevista ao jornal britânico The Independent, ele resumiu o interesse do público por esse tipo de entretenimento. “Demos a eles o que seus pais odiavam”. E comparou: “Se você estivesse passando numa rodovia e tivesse a Disneylândia de um lado, e um acidente de avião do outro lado, você olharia para o acidente. Éramos aquele acidente.”

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Alice Cooper, no entanto, foi apenas o catalisador de um movimento que já existia na cidade. Embora restrito a pequenos nichos, já circulavam por lá bandas como MC5 e The Stooges (de Iggy Pop). A influência daquele proto-punk foi longe, influenciando desde o Kiss, em Detroit Rock City, a David Bowie, em Panic in Detroit. Antes de ir para cidade, Cooper já havia lançado dois discos produzidos por ninguém menos que Frank Zappa, porém sob a influência do cenário musical de Los Angeles. Totalmente experimentais, os trabalhos fracassaram. Foi apenas com a ajuda de um jovem produtor, Bob Ezrin, que Alice encontrou o som que definiria sua carreira. Ezrin acabou sendo descrito por Cooper como um “hippie judeu de 19 anos.” O produtor não só moldou o novo som de Cooper, como trabalhou posteriormente com outras grandes bandas, como Kiss, Pink Floyd e Deep Purple.

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A primeira faixa gravada daquele álbum foi a clássica I’m Eighteen. Desde então, Alice Cooper a tocou em todos os shows que fez até hoje. Caught in a Dream foi composta na sequência. Mas o disco contou ainda com outros hits, como Long Way To Go, Hallowed Be My Name e Sun Arise. Na mesma entrevista ao The Independent, Alice lamentou que aquele tipo de rock jamais surgirá novamente por um simples fato: o público hoje é à prova de choque. “Você poderia cortar seu braço e comê-lo no palco que não faria diferença.”

Para celebrar o lançamento daquele histórico disco, no último 21 de fevereiro, o cantor lançou o álbum Detroit Stories, com 15 faixas gravadas com a participação especial dos músicos que integraram as bandas mais famosas daquele movimento. No setlist estão releituras de clássicos como Sister Anne, do MC5, East Side Story, de Bob Seger, e Rock & Roll, do Velvet Underground, além de composições inéditas. Para acompanhá-lo, ele convocou Wayne Kramer (guitarrista do MC5), Bee Badanjek (baterista do The Detroit Wheels), Paul Randolph (músico de jazz de Detroit), além das Motor City Horns. A produção ficou a cargo de Bob Ezrin, o mesmo que fez os primeiros álbuns de Cooper em Detroit.

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