O Museu do Louvre lançou esta semana um acervo digital com seu catálogo completo, acessível de forma totalmente gratuita. O collections.louvre.fr conta com 485.000 registros de objetos extraídos de dezenas de bancos de dados internos, incluindo peças que não estão expostas no museu parisiense. As obras vão desde esculturas renascentistas e arte islâmica até pinturas de artistas do mundo todo. Para além de ser um ambiente de cultura e informação, a plataforma tem a função nobre de auxiliar curadores e pesquisadores a descobrirem a origem de obras de ex-colônias e dos tempos de guerra, especialmente da II Guerra Mundial, quando muitos judeus foram saqueados por nazistas.
Mais de 1.700 obras que foram recuperadas na Alemanha desde 1945 estão sob os cuidados do Louvre aguardando eventual restituição aos descendentes de seus proprietários legítimos. Segundo Jean-Luc Martinez, presidente-diretor do museu, cerca de dois terços das 13.943 obras adquiridas entre os anos de 1933 e 1945 tiveram sua proveniência checada. As descobertas desta iniciativa, de acordo com Martinez, serão adicionadas ao catálogo virtual do museu futuramente.
A acadêmica Emmanuelle Polack foi nomeada, em janeiro de 2020, para liderar as pesquisas sobre a proveniência das obras de arte do Louvre. Diversos curadores ficaram apreensivos, afinal o museu continuou suas compras no mercado da arte durante a ocupação nazista. Atualmente, por exemplo, o Louvre enfrenta reivindicações da família de Armand Isaac Dorville, advogado judeu e colecionar que fugiu da ocupação alemã de Paris e morreu em 1941.
O diretor do museu também pediu aos curadores para conduzir investigações sobre obras de ex-colônias e impérios europeus, desde esculturas romanas até objetos da Argélia, Tunísia, Síria e Líbano. Além do acervo do Louvre, a nova plataforma conta com peças do museu Delacroix e com obras do moderno centro de Liévin, que fica no norte da França. O site também possui um mapa interativo que permite ao usuário explorar cada sala do museu.