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Brasil terá participação modesta em Cannes

Apesar da homenagem ao cinema brasileiro, presença na competição se limita a 'On the Road', de Walter Salles. Para diretores, é mera questão de curadoria

Por Carlos Helí de Almeida
16 Maio 2012, 10h14
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  • “Não podemos transformá os festivais em juízes supremos de nossos filmes, como se eles fossem feitos para o sucesso em Cannes, Veneza, Berlim, ou mesmo o Oscar”, diz Cacá Diegues

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    Embora protagonista de uma grande homenagem no Festival de Cannes, o cinema brasileiro terá participação modesta nas mostras competitivas da 65ª edição do certame, o maior do mundo, que começa na noite desta quarta-feira (16) com a sessão de gala de Moonrise Kingdom, do americano Wes Anderson. Representado na competição oficial pelo carioca Walter Salles, que disputa a Palma de Ouro com On the Road, uma coprodução entre França, Inglaterra e Estados Unidos, a cinematografia do país surge em sua forma mais genuína nas mostras paralelas do evento, que exibirá, até o dia 27, 22 concorrentes ao prêmio máximo.

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    O Brasil integra a seção Quinzena dos Realizadores como coprodutor – com a Espanha e a Argentina – do longa-metragem Infancia Clandestina, do argentino Benjamín Ávila, e pátria dos curtas Porcos Raivosos, de Leonardo Sette e Isabel Penoni, e Os Mortos-vivos, de Anita Rocha Silveira. A paulista Juliana Rojas concorre na mostra Semana da Crítica com o curta O Duplo.

    Coautora, com Marcos Dutra, do longa Trabalhar Cansa, exibido na prestigiosa mostra Um Certo Olhar, ano passado, Juliana vê com otimismo a relação entre Cannes e o cinema brasileiro. “A seleção ou não de um filme brasileiro é mais uma questão de curadoria de cada mostra do que um indicador de qualidade para nossos filmes”, observa a jovem realizadora, que estreou em Cannes com o curta O Lençol Branco (2004), também codirigido por Dutra.

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    “Vale lembrar que, fora Cannes, o cinema nacional tem estado presente em muitos festivais internacionais de destaque. Ano passado, os longas Girimunho (de Helvécio Marins e Clarissa Campolina) e Histórias Que Só Existem Quando Lembradas (de Julia Murat) passaram no festival de Veneza, e têm colecionado prêmios mundo afora. Este ano O Som ao Redor (de Kléber Mendonça Filho) passou em Rotterdam, em janeiro, e também tem feito uma bela carreira”, pondera Juliana.

    A diretora aponta que o tamanho da decepção (ou não) em relação à representatividade brasileira em Cannes “é diretamente proporcional à atenção que a mídia dá ao evento”. Mas ter o visto do festival francês, um dos três mais importantes do planeta, depois de Berlim e Veneza, não é, necessariamente, garantia de sucesso.

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    “Há filmes pequenos que fazem carreiras maravilhosas depois de Cannes; há filmes que falham totalmente depois dele”, analisa Kléber Mendonça Filho, que exibiu Vinil Verde, seu primeiro curta-metragem solo, na Quinzena dos Realizadores de 2005.

    “Escolhi deixar O Som ao Redor com quem já apreciava o filme, e não esperar a possibilidade de Cannes querê-lo. Tenho percebido que os festivais olham com generosidade para o Brasil; eles querem filmes brasileiros. Se não o programam não significa que seja ruim, é porque não gostaram”, entende o realizador pernambucano.

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    A boa relação do cinema brasileiro com o circuito de festivais estrangeiros não é uma questão geracional. Convidado para presidir o júri do prêmio Câmera d’Or, para filme de diretor estreante, o veterano Cacá Diegues lembra que “os festivais internacionais foram decisivos para a exposição e o reconhecimento do Cinema Novo fora do país”.

    Mas o autor de Xica da Silva (1976), um dos títulos do tributo brasileiro em Cannes, avisa que o cinema brasileiro não pode depender da exposição dos festivais. “Não podemos transformá os festivais em juízes supremos de nossos filmes, como se eles fossem feitos para o sucesso em Cannes, Veneza, Berlim, ou mesmo o Oscar”, entende Diegues.

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    O tributo ao cinema brasileiro este ano inclui a projeção do documentário Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, na seção Cannes Classics, e do recente A música Segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos, na seleção de sessões especiais.

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    “O fato de termos neste ano em Cannes um cineasta brasileiro em competição, outro na seleção oficial, não-competitiva, filmes na mostra de clássicos e um outro como presidente de júri já é um reconhecimento da importância do cinema brasileiro”, diz Diegues.

    Alheia à situação do cinema brasileiro, uma constelação internacional atravessará o tapete vermelho de Cannes este ano que, comemorando o aniversário, escolheu Marilyn Monroe (1926-1962) como modelo de seu poster oficial. Até mesmo o filme de Walter Salles está coalhado delas: Kristen Stewart, a coprotagonista da franquia Crepúsculo, Kirsten Dunst e Viggo Mortensen subirão as escadarias do Palácio dos Festivais ao lado do diretor brasileiro.

    Robert Pattinson, a outra metade da popular série de filmes sobre jovens vampiros, é estrela de Cosmopolis, de David Cronenberg, também em competição. A corrida pela Palma de Ouro também inclui Killing Them Softly, de Andrew Dominik, com Brad Pitt, e The paperboy, de Lee Daniels (Preciosa), com Nicole Kidman e Zac Efron, e Lawless, de John Hillcoat, com Shia LaBouf e Jessica Chastain. A maratona será encerrada por Thérèse Desqueyroux, de Claude Miller, morto no início do ano.

    LEIA TAMBÉM:

    Humor negro de ‘Moonrise Kiingdom’ abre o 65º Festival de Cannes

    OS FILMES DA COMPETIÇÃO:

    Moonrise Kingdom, de Wes Anderson

    De Rouille Et D’os, de Jacques Audiard

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    Holy Motors, de Leos Carax

    Cosmopolis, de David Cronenberg

    The Paperboy, de Lee Daniels

    Killing Them Softly, de Andrew Dominik

    Reality, de Matteo Garrone

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    Amour, de Michael Haneke

    Lawless, de John Hillcoat

    Da-Reun Na-Ra-E-Suh (In Another Country), de Hong Sangsoo

    Do-Nui Mat (The Taste Of Money), de Im Sang-Soo

    Like Someone In Love, de Abbas Kiarostami

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    The Angels’ Share, de Ken Loach

    V Tumane (In The Fog), de Sergei Loznitsa

    Dupã Dealuri (Beyond The Hills), de Cristian Mungiu

    Baad El Mawkeaa (After The Battle), de Yousry Nasrallah

    Mud, de Jeff Nichols

    Vous N’avez Encore Rien Vu, de Alain Resnais

    Post Tenebras Lux, de Carlos Reygadas

    On The Road, de Walter Salles

    Paradies : Liebe (Paradise : Love), de Ulrich Seidl

    Jagten (The Hunt), de Thomas Vinterberg

    Assista ao trailer de ‘On the road’:

    https://youtube.com/watch?v=ttDIcTQpLyQ

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