Como é se aventurar em uma nova mídia como o podcast — e em meio a uma pandemia? Gosto de me atualizar. O podcast é uma nova forma de comunicação, e posso gravá-lo em home office. Quero com esse projeto usar minha experiência de vida para dizer aos ouvintes que fiquem tranquilos, que tudo vai passar. Procurem manter a mente em paz. Busquem sentido para a vida. E não se esqueçam de que a fé ajuda na travessia das dificuldades.
Na quarentena, sente falta de algo do cotidiano? Estou isolado em um sítio no interior do Rio. Sentir falta do quê? De aeroportos abarrotados? Do trânsito? De festas? Sempre fui reservado. Gosto mesmo é de ficar em casa. A esta altura, só quero conversas sadias e construtivas. Faço pilates três vezes por semana, caminho por 45 minutos todos os dias. Tenho tudo de que preciso aqui. O que falta, peço pela internet.
Como jornalista, ainda acompanha o noticiário ou se cansou? Continuo preso à leitura diária de jornais pelo computador. Sou viciado nisso.
Qual sua opinião sobre o momento político do Brasil? Neste mundo polarizado, o melhor é não se envolver. Passei por inúmeras reinvenções do mundo. O que eu digo é que tudo é cíclico. O Brasil está amadurecendo. E um dia, se Deus quiser, o Brasil será adulto. E nós ficaremos orgulhosos do que está escrito na bandeira: ordem e progresso.
Sendo uma pessoa religiosa, que popularizou a Bíblia em versão de audiolivro, como vê essa forte associação da política brasileira com a religião? Eu assisto a tudo isso e vejo apenas repetições ao longo da história. Desde o início das civilizações, cada um quer guiar e dominar à sua maneira. O problema é que, na realidade, somos todos cegos.
Com essa bagagem, como analisa a crise mundial, que envolve a economia e a saúde? Eu digo que o mundo é desse jeito. Quantas gripes já existiram… Quantas tragédias, furacões, abalos sísmicos… É uma resposta da Terra. Faz parte da natureza e da história do ser humano enfrentar a dor e a perda. E faz parte da nossa história superar esses momentos de crise. Precisamos acordar para a fragilidade da vida e o pouco tempo que temos. E apreciar mais, amar mais, e sermos mais solidários entre a chegada e a partida. Existem muitos terrores, sim, mas existe muita beleza também.
Publicado em VEJA de 17 de junho de 2020, edição nº 2691