Aos 54 anos, Tom Cruise continua forte e bonitão. Mas, e daí? A exaltada virilidade do galã de Missão Impossível não é suficiente para salvar a enrolada trama de A Múmia, superprodução que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. São muitos os tropeços do longa que inaugura o universo compartilhado Dark Universe, que pretende ressuscitar monstros clássicos como Frankestein e Drácula. Pobres monstrengos. Se for para seguir o legado da estreia, é melhor que continuem enterrados.
Ao mesclar terror, comédia e ação, o filme cambaleia mais que os zumbis arregimentados pela múmia do título (vivida por Sofia Boutella), que busca vingança após ter sido enterrada viva – castigo ganho com honraria pela moça lá no antigo Egito.
O terror não assusta, a comédia faz cócegas e a ação domina apoiada na força e nos músculos de Cruise. O ator americano lança mão de toda a sua experiência no gênero. Corre muito. Muito mesmo. Amaldiçoado pela múmia, que também é bruxa, ele tem que fugir se não quiser ser assassinado em um ritual sexual com a moça milenar.
Explosões, lutas e até um salto de um prédio em demolição foram encarados pelo ator sem dublês. O feito é louvável, mas não inédito. A filmografia de Cruise é mais recheada de atuações do tipo do que a de Johnny Depp é de personagens com maquiagem exagerada.
O clichê do galã fortão só perde espaço para o clichê do galã que conquista a mocinha (20 anos mais jovem). Cruise faz par com a arqueóloga Jenny (Annabelle Wallis), que se embrenha em buracos empoeirados mantendo impecáveis as madeixas de cachos loiros.
Em tempos de Mulher-Maravilha, em que o holofote finalmente sai do homem fortão tentando salvar o dia, e de super-heróis humanos, como o belo Logan, com um Hugh Jackman que encara suas falhas, A Múmia mostra que aprendeu pouco com os novos rumos do cinema. Lição que pode custar caro na hora de fechar a conta da bilheteria.