No verão de 1960, o fotógrafo Ormond Gigli reuniu 43 modelos para posar nas faixada de um prédio na East 58th Street, no Upper East Side, em Manhattan, Nova York. Com vestidos de festa coloridos, cada uma delas se posicionou em uma das janela do prédio, enquanto duas posaram ao lado de um Rolls-Royce prateado na calçada. Batizado de Garotas na Janela, o clique virou febre nos leilões de arte do mundo e estima-se, segundo fontes do jornal americano The New York Times, que a venda de uma centena de cópias da foto tenha somado 12 milhões de dólares, mais de 58 milhões de reais na cotação atual.
A escolha do local não foi aleatória: no dia seguinte ao clique, o prédio seria demolido. Gigli, que tinha um estúdio em frente ao local, resolveu homenagear a construção com uma última foto. Conseguiu, para isso, autorização do supervisor de demolição para dirigir o ensaio por duas horas durante um intervalo de almoço, sob a condição de que a esposa do supervisor estivesse na imagem final.
O resultado é uma overdose de imagens: nos últimos 30 anos, cerca de 600 cópias assinadas e numeradas foram vendidas por preços que variam entre 15.000 e 30.000 dólares. A imagem é oferecida em galerias de todo o mundo, já foi ofertada em mais de 160 leilões pelo mundo. Nesse ano, sete cópias foram vendidas em leilões, uma delas essa semana, em Londres , por mais de 30.000 libras.
Isso, é claro, só foi possível graças a uma estratégia minuciosa. A partir de 2010, Gigli, que morreu em 2019, produziu, imprimiu e assinou centenas de cópias da fotografia, em diversos tamanhos e papéis fotográficos. A ideia foi um pedido do filho, que agora administra o patrimônio do pai e que planejou a estratégia que transformou a imagem em fenômeno. “Eles não estão preocupados com o fato de haver centenas por aí. Eles estão pensando que 10.000, 20.000, 30.000, o que não é muito para uma das melhores fotos do mundo”, explicou Ogden Gigli.