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A história da grevista inglesa que inspirou personagem de ‘Enola Holmes 2’

Filme acompanha a irmã de Sherlock Holmes durante investigação de desaparecimento de Sarah Chapman, inspirada em mulher real

Por Amanda Capuano Atualizado em 9 nov 2022, 10h34 - Publicado em 8 nov 2022, 17h48

Lançado em 2020, o primeiro filme Enola Holmes apresentou ao mundo a cativante e inteligentíssima irmã do detetive Sherlock Holmes. Disponível na Netflix desde a semana passada, a sequência do longa metragem é hoje o filme mais assistido da plataforma, provando o interesse do público pela jovem investigadora. Na nova trama, Enola, vivida por Millie Bobby Brown, é procurada por uma criança para investigar o desaparecimento de sua irmã, uma jovem operária chamada Sarah Chapman. A quem o nome soa familiar, não é uma coincidência: a personagem é livremente inspirada em uma mulher real, tida como pioneira do movimento sindical feminino na Inglaterra.

Mas a verdadeira Sarah Chapman nunca desapareceu: o sumiço é uma liberdade poética tomada pelo filme para encaixar a história no universo investigativo dos irmãos Holmes. Ela, na verdade, ocupava uma posição privilegiada no escritório da fábrica de fósforos Bryant & May, e ganhava mais do que as operárias. Em junho de 1888, a ativista Annie Besant denunciou as péssimas condições de trabalho das mulheres na fábrica no artigo “Escravidão Branca em Londres”. No texto, ela relatava multas por atraso e idas ao banheiro, salários baixos, jornadas exaustivas e problemas de saúde graves causados pelo fósforo branco. A repercussão gerou um movimento de boicotes e irritou a empresa, que fez com que as funcionárias assinassem um documento negando as alegações. Quem se recusava, acabava demitida.

Revoltadas com a situação, as mulheres de uniram e anunciaram uma mobilização. Sarah Chapman era uma das líderes do movimento e, junto a outras duas colegas, procurou Besant para formar um comitê grevista. Como membro da liderança, Chapman esteve a frente das mais de 1.000 mulheres que cruzaram os braços em protesto. Ela também comandou reuniões com políticos importantes, trabalhadores, jornalistas e empresários da fábrica para requisitar melhores condições de trabalho e angariar apoio ao movimento.

Eventualmente, as mulheres formaram um sindicato e vinte delas foram eleitas para o comitê, incluindo Sarah Chapman. Na época, esse foi o maior movimento sindical feminino ativo na Inglaterra, e o primeiro a efetivamente a conseguir resultados, já que as grevistas foram recontratadas e as multas exploratórias suspensas. O uso do fósforo branco, porém, só parou três anos depois. Quanto a Sarah Chapman, ela se casou e deixou a empresa, mas seguiu atuante pelo direito das mulheres no país.

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