A bola fora da Disney que deixou Lin-Manuel Miranda sem Oscar
Artista e compositor quase entrou para o seleto hall de famosos que possuem Emmy, Grammy, Oscar e Tony — mas perdeu estatueta para Billie Eilish
Durante a 94ª edição do Oscar, que aconteceu neste domingo, 27, eram altas as expectativas de que Lin-Manuel Miranda finalmente se tornaria um EGOT – sigla que se aplica à especialíssima elite de artistas que acumulam as quatro grandes premiações do mundo do entretenimento americano: Emmy, Grammy, Oscar e Tony. Para Miranda, que concorria na categoria de melhor canção original por Dos Oruguitas, música da animação Encanto, faltava apenas a estatueta dourada para entrar no pequeno (e prestigiado) hall de artistas que possuem a honraria, como Liza Minelli, Audrey Hepburn, Barbra Streisand e John Legend. Mas não foi dessa vez: Miranda acabou sendo desbancado por Billie Eilish e seu irmão, Finneas, autores da música-tema do último filme do agente 007, No Time to Die.
As chances de conseguir o feito seriam muito melhores se não fosse a bola fora da própria Disney – que, como sempre, preferiu indicar sua canção mais emotiva para a premiação, e não aquela mais popular. Ao optar por inscrever Dos Oruguitas como candidata ao prêmio, o estúdio do Mickey Mouse foi contra a corrente: a música We Don’t Talk About Bruno, também escrita por Miranda, acabaria se tornando o grande hit de Encanto. A canção, que emula claramente as tradições do teatro musical, levou a Disney ao topo da Billboard após quase 30 anos e conseguiu 34,9 milhões de streamings só nos Estados Unidos até fevereiro deste ano. O sucesso foi tão colocassal que We Don’t Talk About Bruno, embora não indicada, foi apresentada durante a cerimônia do Oscar, trazendo para o palco muitas cores, latinidades e participações ilustres, como as de Megan Thee Stallion, Becky G e Luis Fonsi. We Don’t Talk About Bruno era a opção mais segura para garantir um EGOT a Lin-Manuel Miranda e desbancar a vencedora da noite. Desprezar esse fato foi uma bola fora e tanto.
Consagrado como compositor, Miranda não coleciona apenas um ou dois prêmios na sua estante. Ele é responsável por Hamilton, um dos maiores fenômenos da Broadway da última década, que lhe rendeu 11 prêmios Tony, o “Oscar do teatro”, incluindo melhor musical. A história sobre a fundação dos Estados Unidos também deu a Miranda um Emmy em 2021 como melhor especial de variedade, música ou comédia, graças à versão filmada do espetáculo produzida pelo Disney+, além do gramofone de melhor álbum de teatro musical no Grammy. Outros espetáculos de Miranda, como In The Heights, sua estreia nos palcos, e a música How Far I’ll Go, da animação da Disney Moana, também lhe renderam bons prêmios. Ele nunca esteve tão perto de se tornar um EGOT — mas a estatueta lhe escapou das mãos.