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Pesquisa científica desvenda as regras da atração entre as pessoas

Estudo sugere que afinidade pode ser mais intensa entre indivíduos que acreditam ter uma essência interior que dirige seus gostos e valores

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 Maio 2023, 10h05 - Publicado em 15 Maio 2023, 16h10

Quando estamos conhecendo alguém novo, geralmente buscamos coisas em comum. Queremos saber o que o outro gosta de fazer, ouvir, comer, quais são seus programas favoritos etc. Muitas amizades e paixões surgem pela descoberta de afinidades. Esse efeito tem nome, chama-se atração por similaridade. E acontece quando gostamos de pessoas que se parecem conosco. Agora, uma pesquisa publicada recentemente pela Associação Psicológica Americana revelou os motivos por trás desse fenômeno. 

Charles Chu, um pesquisador da Universidade de Boston, testou condições que determinam quando nos sentimos atraídos ou repelidos. Ele descobriu que o fator crucial para determinar esse efeito que temos uns sobre os outros é o que os psicólogos chamam de raciocínio auto essencialista

Nesse tipo de lógica, as pessoas acreditam ter um núcleo, uma espécie de essência interior profunda, que molda quem elas são. Ou seja, muitas pessoas acreditam na existência de uma natureza intrínseca que define seus interesses e gostos, e assumem que o mesmo acontece com o outro. Isso faz com que ao encontrar alguém com um interesse próximo, elas acreditem que isso significa que a outra pessoa também compartilhará similaridades mais amplas. 

A pesquisa alerta, no entanto, que a pressa em identificar uma semelhança fundamental baseada em um ou dois interesses em comum pode restringir nossos relacionamentos e resultar em um comportamento defensivo. Em outras palavras, a necessidade de encontrar pessoas que se parecem conosco pode nos repelir de pessoas diferentes e nos tornar resistentes à mínima contradição. 

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Podemos rejeitar alguém porque ela não gosta da mesma banda, livro, comida ou não vota no mesmo político que nós. O trabalho sugere que muitas vezes preenchemos nosso desconhecimento sobre o outro com o nosso próprio senso de identidade e isso pode resultar em suposições que podem não condizer com os fatos. 

Para examinar profundamente esses dados, Chu montou quatro modelos de estudos, cada um projetado para desvendar diferentes aspectos sobre a forma como fazemos amigos ou desafetos.

O primeiro criou um personagem fictício, Jamie, com atitudes e convicções complementares ou contraditórias em relação aos voluntários do estudo, que deram suas opiniões sobre assuntos polêmicos, como aborto, pena de morte, posse de armas, suicídio assistido e testes em animais. 

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Também foi perguntado sobre a forma como viam suas identidades, para medir suas afinidades com o raciocínio auto essencialista. Os resultados evidenciaram que quanto mais a visão de um participante era moldada por um núcleo essencial, mais eles se sentiam conectados com o Jamie que concordava com suas opiniões sobre um assunto. 

Na segunda fase do estudo, Chu analisou se o efeito persistia quando os temas em discussão eram menos controversos. Mesmo com essa conexão tênue, as descobertas se mantiveram: quanto mais alguém acreditava em um núcleo essencial, mais próximo se sentia de Jamie. Em outras palavras, o pesquisador descobriu que tanto em opiniões bastante significativas quanto em opiniões mais arbitrárias, as pessoas que acreditavam em uma essência definidora continuaram mostrando uma maior probabilidade de atração por semelhantes

O pesquisador elaborou outros dois estudos complementares, onde começou a interromper esse processo de atração eliminando a influência da referência auto essencialista. Em um experimento, ele rotulou atributos (como gostar de uma certa pintura) como essenciais ou não essenciais; em outro, ele disse aos participantes que usar sua essência para julgar outra pessoa poderia levar a uma avaliação imprecisa dos outros.

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No entanto, Chu reconhece que existe uma tensão entre a teoria e a aplicação de suas descobertas no mundo prático. Para ele, nossa definição como seres sociais nos faz buscar por nossa comunidade e por pessoas que compartilham os mesmos interesses que nós, evitando divergências. Esse é um comportamento natural, mas que também está baseado em fundamentos muito frágeis, que podem estabelecer limites e divisões que podem não ser tão profundos quanto parecem. 

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