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Conheça os revolucionários vinhos de Jerez que chegam agora ao Brasil

Rótulos da Equipo Navazos, especialistas que identificaram o potencial de barris específicos do vinho fortificado espanhol, ganham importação exclusiva

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 dez 2023, 12h00
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  • Em 1846, o escritor americano Edgar Allan Poe (1809-1849) publicou “O Barril de Amontillado”, um de seus contos clássicos, pela primeira vez. Na história, o narrador quer se vingar de um antigo desafeto e usa justamente o barril do título, uma das variedades dos vinhos jerez (também conhecidos como xerez, por aqui, ou sherry, nos EUA), para atrair a vítima para uma armadilha. É um pequeno exemplo de como esse estilo de vinho fortificado, além de antigo – afinal, os registros mais antigos datam da época dos romanos – é capaz de despertar tanta cobiça.

    Produzido na região de Andaluzia, na Espanha, o jerez é um vinho fortificado que passa por um processo longo de maturação e, na maior parte das vezes, de oxidação, que confere Há uma ampla variedade de estilos, de secos a extremamente doces, o que os torna grandes coringas em harmonizações.

    Existem grandes produtores, que colocam centenas de milhares de garrafas no mercado todos os anos, e produtores artesanais. E existe a Equipo Navazos, nome da dupla Jesús Barquín, professor de criminologia especialista em vinhos, e Eduardo Ojeda, ex-diretor técnico da Valdespino, um dos maiores nomes de Jerez, que provocou uma verdadeira revolução. Que, agora, chega ao Brasil em importação oficial pela Cave Léman.

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    Jesús Barquín e Eduardo Ojeda, a dupla por trás da Equipo Navazos – (Reprodução/Reprodução)

    O processo de produção de Jerez

    Para entender o impacto que a dupla causou, é preciso entender como o Jerez é preparado. Não é um processo simples. Para começar, a fortificação, com adição de álcool vínico, é feita após a fermentação, o que permite que os vinhos produzidos sejam secos, e não tenham obrigatoriamente um teor de açúcar residual alto, como o vinho do Porto. As diversas variedades, como Fino, Manzanilla, Amontillado ou Oloroso, são produzidas a partir de pequenas variações no processo produtivo.

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    Uma das características do sistema de evolução biológica usado em Jerez é o processo de véu de flor. Os barris são enchidos até cinco sextos de sua capacidade, mantendo uma pequena quantidade de oxigênio. Forma-se, então, uma camada de leveduras sobre o vinho, o véu, que protege a bebida da oxidação e impede que o vinho vire vinagre. Os Finos, por exemplo, chegam ao mercado após 9, 10 anos, quando o álcool consome toda a flor. No caso do Manzanilla, o véu perde força e o vinho passa por um leve processo de oxidação. Já o Amontillado é um Fino que perdeu a flor e foi novamente fortificado antes de envelhecer por mais 8, 9 ou 10 anos.

    O sistema de envelhecimento também é complexo. As botas, como são conhecidos os barris de carvalho americano, mais poroso, de 500 litros usados em Jerez, são armazenadas em fileiras – de três, o modelo mais comum, até doze. A camada de baixo é conhecida como Solera, e as de cima são as Criaderas. No momento de engarrafar, o líquido da Solera é retirado, padronizado e colocado em garrafas. A fileira de baixo, então, recebe o líquido da primeira criadera, logo acima, e assim por diante. É um processo cíclico.

    O potencial do terroir individual

    O que a Equipo Navazos fez foi perceber o potencial das botas individuais. Afinal, a localização de cada uma dentro do sistema de solera, sua posição na adega e o tempo de maturação influenciam diretamente no resultado final. A dupla identifica as botas de maior potencial dentro de uma visão ampla do potencial do terroir de Jerez, e engarrafa aquela bebida em pequenos lotes. O primeiro lote, a Bota número 1, não por acaso, foi de um Amontillado, engarrafado em 2005. Desde então, os dois amigos vem caçando os melhores achados.

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    Parte do portfólio da Equipo Navazos que chega agora ao Brasil – (André Sollitto/VEJA)

    Hoje, o portfólio da Equipo Navazos é bastante amplo. Há opções de vinhos secos e não fortificados, como a linha OVNI, produzida com as variedades Palomino Fino e Pedro Ximénez, voltados para o consumo descontraído. Há espumantes, feitos tanto com a emblemática Chardonnay quanto com a Xarel-Lo, uma das uvas que entram nos cortes da região de Cava. Há outros secos não fortificados provenientes de vinhedos muito especiais, os “crus” da região, como Pago Miraflores La Baja. Há alguns feitos em parceria com Dirk Nieeport, produtor português que é referência no Douro, onde se fazem os vinhos do Porto.

    Por conta dos aromas oxidativos de vários deles, são vinhos que precisam de um tempo para se acostumar, mas oferecem uma riqueza enorme, além de grande potencial de harmonizações. Os vinhos começam a ser vendidos no site oficial da importadora a partir desta terça-feira, 19, com preços entre R$ 172 e R$ 871.

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