Como maior produtor mundial de café e segundo maior consumidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil tem uma relação única com a bebida. A xícara de café faz parte da rotina das pessoas e é sinônimo de encontros, sociais ou profissionais. E tem sido assim há muito tempo. O que mudou nos últimos anos foi o interesse por cafés especiais, de qualidade superior. O fenômeno começou há mais ou menos uma década e ganhou força nos últimos cinco anos, com o aumento de clubes de café por assinatura, cafeterias especializadas e produtos diferentes lançados nas gôndolas dos mercados.
De acordo com dados referentes a 2022 compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Café, a Abic, ss vendas de cafés de alta qualidade apresentaram um aumento no volume de vendas no ano passado em relação a 2021. Na categoria superior, o acréscimo foi de 26%; entre os cafés gourmet, ainda mais selecionados, foi de 20%. E as cápsulas, que vem ajudando a popularizar o acesso a diferentes tipos da bebida, tiveram aumento de 5,5%. Ainda são números tímidos: para ter ideia, a categoria gourmet representa 104 milhões de sacas, enquanto a categoria considerada tradicional ou extraforte, como os pacotes comuns vendidos no mercado, representam quase 13,8 bilhões de sacas. Mas é um nicho que cresce em ritmo acelerado.
Nesse cenário, é de se esperar que empresas com forte presença no setor procurem lançar novos produtos. E um dos destaques dessa leva é o modelo de assinaturas Nomad, da Nescafé, que chega ao mercado a partir desta terça-feira, 3. Será um formato diferente, centrado em uma experiência que une cafés especiais com conhecimento. A cada mês, o consumidor receberá uma lata com 12 sachês de café diferentes, escolhidos e torrados por Hugo Wolff, torrefador que tem a marca própria, Wolff Café, e é referência no setor. Cada xícara será acompanhada das dicas de preparo ideais e uma pequena aula em vídeo conduzida pela barista Gisele Coutinho, do canal Pura Caffeina. Serão 6 latas, uma por mês, e um total de 72 cafés diferentes. O nome, Nomad, é uma referência à jornada de Wolff pelo Brasil em busca dos cafés que considera mais representativos.
- “Há uma demanda do consumidor brasileiro de aprender mais sobre café”, afirma Valéria Pardal, diretora executiva da área de Cafés da Nestlé. “Pensamos no projeto como uma forma de democratizar o conhecimento, unindo as aulas com a degustação de tipos diferentes. E queríamos apresentar ao consumidor toda a cadeia de valor envolvida nessa única xícara de café”, conta.
Após seis meses, a ideia é que o consumidor tenha construído uma base de conhecimentos sobre café e entenda diferenças na torra, nos métodos de preparo e como tudo isso se relaciona a distintos perfis sensoriais. Inicialmente, o público-alvo deve ser formado por curiosos sobre café e também por aqueles que já tenham tido experiências semelhantes com outras bebidas, como o vinho ou a cerveja. “Dizem que o paladar não retrocede, e é uma frase que serve para vinho, mas também para café. É muito difícil que um consumidor volte atrás depois de experimentar os produtos especiais”, afirma Pardal.
Trata-se de um formato que será testado pela empresa. Neste primeiro momento, serão apenas 400 assinaturas, vendidas em um pacote único pelo preço de R$ 600, para consumidores de São Paulo. Mas há planos para expandir o formato para outros locais, bem como testar alguns dos cafés preferidos dos assinantes. “Para nós, é a porta de entrada para um aprendizado muito maior. Como podemos responder a essa tendência de maior sofisticação e conhecimento que tem o consumidor brasileiro”, diz Pardal.
Há, é claro, inúmeros outros modelos de assinatura de cafés especiais, bem como cursos específicos voltados para a degustação da bebida. Alguns têm um perfil profissional, enquanto outros propõem uma apresentação inicial. Cabe ao consumidor escolher o modelo que mais atende a sua necessidade e mergulhar a fundo no mundo dos cafés.