Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Além do Vinho Verde: os bons rótulos brancos feitos pela Quinta da Covela

Vinícola portuguesa que quase faliu e renasceu nas mãos de um empresário brasileiro hoje é referência no norte do país; conheça os novos rótulos

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2023, 10h26 - Publicado em 31 Maio 2023, 09h35

De camisa de manga curta, bermudas e bota, o enólogo português Rui Cunha tem um estilo despojado que destoa do ambiente sisudo associado ao mundo do vinho. Praticante de esportes como skate e surfe, Cunha é jovial e descontraído e fala com animação sobre os vinhos que produz em diversas propriedades de Portugal. Em visita ao Brasil, o responsável pelos vinhedos da Quinta da Covela, localizada na região demarcada dos Vinhos Verdes, no norte do país, e da Quinta das Tecedeiras, no Douro, entre várias outras, apresentou alguns de seus rótulos mais emblemáticos e novidades que chegam agora ao país.

A Quinta da Covela, em especial, já é conhecida pelos brasileiros. Seus vinhos são vendidos por aqui há alguns anos. Mas sua história, repleta de altos e baixos, mostra uma conexão mais profunda entre os dois países. A propriedade foi a casa do cineasta português Manoel de Oliveira (1908-2015), principal nome do cinema de Portugal e vencedor da Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes pelo conjunto de usa obra, até a década de 1980. Foi comprada pelo empresário Nuno Araújo, que lançou os primeiros rótulos da Quinta da Covela. Apesar da iniciativa, a empresa faliu e a propriedade foi a leilão. O empresário brasileiro Marcelo Faria de Lima, maior acionista da Metalfrio, fabricante de geladeiras, e do grupo de moda Veste (antiga Restoque), dono da Le Lis Blanc e Dudalina, decidiu comprar a Quinta junto com o amigo, o jornalista Tony Smith, em 2009. Deram o lance, mas no último momento a vinícola foi arrematada pelo banco BNP, que pouco fez para manter o negócio funcionando. Só em 2011, depois de muitas negociações, Lima e Smith finalmente compraram a propriedade e retomaram a produção. O cenário, no entanto, era caótico. Videiras haviam morrido e até o vinho já produzido havia sido perdido. Rui Cunha conta que as vinhas sofreram muito e foi preciso muito trabalho para retomar a produção. A primeira safra lançada já sob a nova gestão foi em 2012.

Rui Cunha trabalha na Covela desde 1991, quando ainda era estagiário. Viu todo o declínio da propriedade e foi responsável por colocá-la de pé novamente. Em pouco mais de 30 anos, foi pioneiro em levar ao norte de Portugal algumas castas famosas no resto do mundo, mas pouco comuns na região, como Chardonnay e Viognier, e viu de perto o processo de transição de uma agricultura tradicional para um modelo regenerativo. “Na década de 1990, quando comecei, o agricultor de vanguarda cuidava do solo e não deixava uma única erva. Usava herbicida ou passava dez vezes com o trator em cima. Hoje, é o contrário. Se vemos uma vinha completamente limpa, sabemos que ele está atrasado”, diz o enólogo. Segundo ele, as novas práticas, que mantém o solo aerado e rico em microorganismos, são muito mais sustentáveis.

O enólogo português Rui Cunha, responsável pelos vinhos da Quinta da Covela -
O enólogo português Rui Cunha, responsável pelos vinhos da Quinta da Covela – (Berkmann Wine Cellars/Divulgação)

Essa história está por trás de três dos rótulos de vinhos brancos vendidos aqui, agora pela nova importadora da Covela, a Berkmann Wine Cellars. A principal novidade é o Chardonnay Reserva 2021, rótulo que chega ao Brasil pela primeira vez. É um vinho no estilo dos brancos da Borgonha, mais encorpado e estruturado, que fermenta e estagia por 18 meses em barricas de carvalho francês. A Chardonnay também entra no corte de outro rótulo, o Covela Branco 2019, junto com Avesso e Arinto, duas castas clássicas da região dos Vinhos Verdes, além de Viognier e Gewürztraminer. Cada variedade é fermentada separadamente e passa por um estágio em tanques de inox, e depois são misturadas. O resultado é um vinho de perfil mais fresco e mineral que “pôs a Covela no mapa”, segundo Rui Cunha. O terceiro é o Avesso Reserva 2021, vinho monovarietal, feito apenas com Avesso, variedade autorizada para a produção do Vinho Verde, mas que não tem a mesma reputação que a Alvarinho, usada nos rótulos mais elegantes feitos na região. Aqui, ela mostra seu potencial.

Embora a Covela seja famosa principalmente por seus vinhos brancos, Rui Cunha é responsável também pela Tecedeiras, que produz rótulos tintos elegantes do Douro. Um dos destaques do portfólio é o Tecedeiras Touriga Nacional 2019, um vinho fresco, mas denso, feito apenas com a casta ícone de Portugal (em especial da região do Dão). A fermentação é feita com leveduras nativas, e ele passa 19 meses em barricas de carvalho francês usadas. Já o Tecedeiras Grande Reserva 2018 é um blend potente e elegante de Touriga Francesa (Touriga Franca), Touriga Nacional e Tinta Roriz provenientes de vinhas velhas, com mais de 40 anos de idade. Também passa 19 meses em barricas, mas neste caso são todas novas, de 500 litros.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.