Assine VEJA por R$2,00/semana
Walcyr Carrasco Por Walcyr Carrasco
Continua após publicidade

A rotina obsoleta

Como lidar com a realidade deliciosamente instável de hoje

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 out 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ser do tempo da máquina de escrever não me assusta mais. Já é objeto de museu. De colecionador. Até seu sucessor, o computador de mesa, está com os dias contados. Tão mais prático o laptop! Mas também existe o tablet, e quem sabe o que logo mais. É surpreendente a velocidade com que meu cotidiano se transforma. Objetos essenciais até um tempinho atrás desapareceram. Eu tinha uma fantástica coleção de DVDs. Fui parando de ver, parando… Acabei pendurando uma parte da coleção na horta para espantar passarinhos comilões. O sol reflete no metálico, é uma beleza. Tenho filmes incríveis. Mas o aparelho de DVD também não funciona bem por falta de uso. Apelo para o streaming. Pen drives vão para o mesmo caminho. Pra que, se existe a nuvem? Fax, secretária eletrônica… Ai, ai, ai… Orelhão. A própria linha telefônica fixa vai desaparecer, questão de tempo. Eu não uso mais. Ainda me lembro (idade, idade…) do tempo em que era difícil ligar pra outra cidade. A ligação interurbana não é mais um bicho de sete cabeças. Scanner? Resolvo no meu celular. Cinzeiro para carro? Obsoleto. Mapa em papel, bip… Discos de vinil só sobrevivem entre colecionadores. Fios, não sei, não. Cada vez mais a tecnologia abre mão deles. Agenda eletrônica? Adeus! Por mais que todo mundo goste, os livros em papel terão o mesmo caminho dos LPs. Os textos eletrônicos não ocupam espaço em apartamentos cada vez menores, são simples de carregar. Qualquer um vai dar risada se alguém falar em despertador. Antigo! O celular resolve. Assim como resolve outras centenas de atividades.

    Publicidade

    “Estou preparado para o desaparecimento de tudo o que me cerca. E até de tudo o que vai me cercar daqui a cinco, dez anos”

    Publicidade

    Inventa-se um dispositivo, todo mundo tem, e, dali a pouco, ele é trocado por outro, mais avançado. A velocidade da mudança supera as eras anteriores. O próprio papel está perdendo a razão de ser. Documentos on-line são aceitos. Posso assinar um contrato por e-mail. Houve um tempo em que ter xerox de RG com firma reconhecida era um avanço. Hoje… Quem faz xerox? Imagine, eu sou do tempo em que na escola se faziam apostilas em xerox! Hoje, a gente recebe on-line.

    Já estou preparado para o desaparecimento de tudo o que me cerca. E até de tudo o que vai me cercar daqui a cinco, dez anos. O mundo em que eu nasci era estável. O de hoje se transforma o tempo todo. Inclusive o que parece imutável mudará. Transferências bancárias tradicionais perderam lugar para o Pix. Quem poderia prever que até a transferência estaria ameaçada? Principalmente, está acontecendo o fim do dinheiro em papel. Eu, você, quantas vezes, no passado, saímos de casa com a “carteira recheada!? Até essa expressão, “carteira recheada”, se tornou anacrônica. Usamos cartões de crédito — que em breve desaparecerão também, substituídos por outras formas de pagamento, como a aproximação. Não uso dinheiro físico já faz um bom tempo. É apenas um número, um símbolo que se utiliza em transações comerciais, bancárias…

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Parece estável? Vai sumir. A vida se torna obsoleta a cada segundo. Mas o novo vai surgir. Isso torna a vida fascinante. A realidade é deliciosamente instável.

    Publicado em VEJA de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.