Uma série de posts sobre arquitetura africana viralizou recentemente no Twitter. Um usuário da rede social que não tem seu nome identificado postou imagens com cores e formas que chamaram a atenção dos internautas. “Percebi que a arquitetura da África não é tão divulgada quando a comparamos com a da Ásia, da Europa, do Oriente Médio e da Índia”, escreveu. Muitos concordaram com ele: o post teve mais de 400.000 curtidas e 145.000 comentários. Confira:
I noticed African Architecture isn’t really showcased compared to Asian, European, Middle Eastern and Indian.
PublicidadeSo here is a thread of African Architectural styles.
Starting with Nubian pic.twitter.com/3uEhg6uYCQ
— 11 (@Vincredible__) August 31, 2019
Por trás de tanta beleza, há uma controvérsia. Para o professor de arquitetura da UERJ especializado em África, Roberto Conduru, é importante ressaltar a diversidade africana. O continente é composto por centenas de etnias que têm uma cultura, um modo de viver e, consequentemente, uma arquitetura próprios. Não é possível rotulá-los da mesma maneira, diz ele. Para o professor, falar em arquitetura africana é como falar sobre arquitetura sul-americana e “colocar a arquitetura inca, a modernista colombiana e um prédio da Avenida Paulista em um mesmo saco. Não faz o menor sentido”, afirma.
O fotógrafo especializado no continente, Milton Guran, afirma que uma arquitetura tradicional africana não existe. O território é composto por diferentes culturas e, por isso, não é possível generalizar. O estudioso afirma que cada povo tinha o seu tipo de material disponível e as suas necessidades a serem atendidas. “Depois da colonização houve uma certa padronização, por causa da influência estrangeira. Hoje o que existe são nuances de estilo”, diz.
Ambos ressaltam que a divisão cultural africana não é a mesma que a divisão política do continente. “Existem diversos grupos étnicos em um país e um grupo étnico em diversos países”, afirma o professor. Por isso é complicado dividir a cultura africana tendo como base os países, aponta.
A falta de valorização e de conhecimento sobre o continente africano, segundo Conduru, vem de um estigma de que esta é uma região atrasada. Segundo ele, o preconceito é originado do tráfico de escravos africanos, da colonização e da dominação que esses povos sofreram durante tanto tempo.