Nos últimos dias, pelo menos três vídeos de embates políticos dentro de Igrejas Católicas viralizaram nas redes. Os casos mais recentes que vieram à tona aconteceram nas cidades de Campo do Tenente e Fazendo Rio Grande, ambas no Paraná, e Jacareí, em São Paulo. Em todas as situações registradas por fiéis, eleitores de Jair Bolsonaro (PL) atacavam padres por supostamente apoiarem, nas entrelinhas da missa, o ex-presidente Lula (PT). O que deveria ser um momento sagrado transforma-se então em um bate-boca de baixo nível em que a autoridade da Igreja é acusado de defender ideologia de gênero, aborto e até o tráfico de drogas.
A polêmica envolvendo fé e política que mais repercutiu, no entanto, foi a campanha política de Bolsonaro na Basílica de Nossa Senhora Aparecida durante o feriado que celebra a santa. Poucos dias antes, ele já havia passado por uma saia justa em visita ao Círio de Nazaré, no Pará, quando a Arquidiocese de Belém afirmou que não permitiria “qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio.”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já se manifestou oficialmente sobre este tipo de ocorrência às vésperas do segundo turno. Em nota, a instituição da Igreja Católica lamenta a “intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos”. A CNBB ainda pontua que “a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos”. Veja a nota completa:
“Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.
A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.
Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário”.