Quando se pensa na África, o que vem à cabeça? O Antigo Egito, o Nilo, o Saara, o safári, a escravidão e a mitologia ioruba? Sim, a África é tudo isso. E muito mais do que isso. Especialista nesse continente infinito, o historiador Martin Meredith fez um extenso apanhado do passado, presente e futuro africanos em O Destino da África: Cinco Mil Anos de Riquezas, Ganância e Desafios (tradução de Marlene Suano, Zahar, 760 páginas, 99,90 reais o impresso e 59,90 reais o digital), um livraço que reconta a exploração da região por mercadores em busca de ouro, marfim e escravos, e hoje movidos por petróleo e diamantes, relembra a riqueza presente não apenas nos produtos naturais, mas nas culturas que semearam o local, do Egito aos iorubas, passando pelo reino de Aksum, na Etiópia, o reino de Ife e o de Benin, os povos com influência árabe no Mali e no Marrocos. Nada escapa a Meredith: o Apartheid, o neocolonialismo, os rumos de um continente que pode ter fundado a humanidade – e ainda tem muito para oferecer a ela. A dica vale também para os racistas. Contra a ignorância, nada melhor do que a leitura.
“O comércio de escravos no Atlântico ganhava força ano após ano. De acordo com pesquisadores modernos, na segunda metade do século XV o número de escravos levados pelos comerciantes por mar a partir da costa oeste da África chegava a aproximadamente 80.000. Na primeira metade do século XVI, quando outros comerciantes europeus passaram a se envolver e o comércio transatlântico começou, o número subiu para cerca de 120.000. Na segunda metade do século XVI, o comércio transatlântico de escravos atingiu um volume de cerca de 210.000 pessoas — uma média de aproximadamente 4.000 escravos por ano.”