‘Frantz’ leva guerra, culpa e libertação ao Festival Varilux
Filme de François Ozon conta a saga de um francês que busca perdão por ter matado um alemão na Primeira Guerra Mundial
A culpa, o vazio, a liberdade e a estupidez da guerra se ligam em Frantz, filme de François Ozon em cartaz na edição deste ano do Festival Varilux de Cinema Francês, que acontece entre os dias 7 e 21 de junho, em 55 cidades do país. À la Rebecca, de Alfred Hitchcock, o longa tem como personagem-título uma figura ausente, mas ao mesmo tempo onipresente. Morto por um francês em uma trincheira da Primeira Guerra Mundial, o alemão Frantz era o único filho de um médico e de sua afetuosa esposa e estava noivo de uma moça adorável. Todos estão arrasados com a sua morte, mas ninguém mais que Pierre (Adrien Rivoire), o francês que se viu cara a cara com ele no campo de batalha, e forçado a matá-lo para sobreviver.
Pierre pode estar com os dias contados, porém. A culpa corrói o músico francês e o leva não apenas a visitar o túmulo de Frantz na Alemanha, mas a se aproximar da família dele — inclusive da noiva, que se deixa apaixonar — primeiro se passando por um amigo dos tempos em que o morto viveu em Paris, depois abrindo o jogo na esperança de conseguir o perdão que pode mantê-lo vivo.
Não à toa, uma das obras favoritas do francês é a tela O Suicida, que, especula-se, Manet teria pintado com base em um assistente que tirou a própria vida. Cru e ao mesmo tempo libertário, o quadro avesso aos padrões acadêmicos vai se tornar mais um ponto de união — e de desencontro — entre ele e Anna (Paula Beer), a bela noiva deixada por Frantz. Ela também, afinal, precisa de uma nova vida.