Um dos criadores da badalada A Casa do Porco, em São Paulo, o chef Jefferson Rueda já conquistou inúmeros e sempre merecidos prêmios gastronômicos e tem muitos motivos para comemorar a entrada da casa no top ten dos maiores restaurantes do mundo — e não só pela ascensão de um ano para outro do 17º para o 7º lugar no ranking do The World’s 50 Best Restaurants. O sabor especial da nova conquista tem a ver com delicadas questões pessoais. Jefinho, como ele é mais conhecido, enfrentou nos últimos meses um enorme calvário de saúde, desencadeado por uma grave crise depressiva.
O esforço de recuperação do chef nascido no interior paulista e que tem orgulho de cultivar até hoje o sotaque e as raízes caipiras não tem sido fácil. Devido a uma internação em uma clínica para tratamento intensivo, a luta para restabelecer a saúde o obrigou a ficar afastado do trabalho durante um bom tempo e ele só começou a voltar à rotina em junho, ainda cercado de cuidados. Jefinho vem enfrentando essa fase com ajuda da família — em especial a de Janaína Rueda, sua esposa desde 2003 e com quem divide os negócios, que incluem outros empreendimentos de culinária no centro paulistano. Janaína é também uma chef talentosa e se desdobrou no período para dar continuidade ao formidável trabalho executado em A Casa do Porco.
O restaurante se destaca pela cozinha criativa — de onde saem invenções como sushi de papada de porco e torresmo de pancetta com goiabada —, pelo esforço para oferecer essas iguarias a preço justo (um menu-degustação em cinco etapas sai por lá a 165 reais, valor abaixo de experiências semelhantes em outros restaurantes estrelados) e pelo capricho com as matérias-primas, muitas delas saídas da fazenda que os Rueda mantêm no interior de São Paulo.