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Placa Luminosa, Ronaldo Resedá e as memórias do primeiro show

Quarenta anos atrás, eu debutava na vida de espectador assíduo de bandas e artistas ao assistir a uma performance de dois talentos da música dançante

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 set 2019, 19h39

O primeiro show que assisti na vida foi Led Zeppelin no Earls Exhibition Centre, em 1973. Quatro horas de espetáculo, com solos gigantes de guitarra, bateria e o escambau, além das canções dos seus primeiros discos do grupo. Ao final da apresentação, fui levado ao camarim pelo meu pai e ganhei uma palheta de Jimmy Page. Eu adoraria que essa informação fosse verdade, no entanto, minha estreia no mundo dos espetáculos de seu de maneira mais modesta: Ronaldo Resedá, no Portuários de Santos, em 1979, com abertura do Placa Luminosa. Sabem de uma coisa? Foi impactante para meus doze anos de idade e definiu meu amor pela música.

Para quem não foi adolescente nos anos 70, é preciso explicar quem foi Resedá e o Placa Luminosa. Vivíamos na era disco, onde qualquer adolescente se achava um John Travolta em potencial. E Ronaldo Andrade de Moraes (1945-1984) era um bailarino, cujas habilidades para a dança e a boa pinta o credenciaram para se tornar um ídolo das discotecas. O nome artístico nasceu da rua Resedá, no Rio. O primeiro sucesso foi Kitsch Zona Sul, de 1978, que virou single da novela Dancin’ Days. O sucesso acabou por credenciá-lo para gravar um disco com todos os cavalos de batalha aos quais um astro tem direito. Produção de Max Pierre e Guto Graça Mello, arranjos de Lincoln Olivetti e composições de Rita Lee & Roberto de Carvalho (Pif Paf), Jorge Ben Jor (E Novamente Mais Que Nada), Robson Jorge (Tudo Bem) e Guilherme Arantes (Fuzarca na Discoteca). Mas no palco ele era desastroso. Já o Placa Luminosa era uma das melhores bandas de baile de São Paulo. Embora tivessem lançado um disco autoral em 1977, sua principal fonte de renda era reproduzir, à perfeição, os sucessos de Michael Jackson, Jim Bo Horne & cia. Naquela noite, embora Resedá fosse o astro principal, foi o Placa Luminosa quem conquistou meu coração com números tão bem executados que parecia que eu estava escutando o artista original.

O Placa, ainda com Jessé, nos bailes da vida (Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)

Recentemente, Ronaldo Resedá e Placa Luminosa voltaram a cruzar o meu caminho. Os dois discos de estreia deles saíram em tiragem limitada e estão disponíveis também nas plataformas de streaming. O trabalho de Resedá, infelizmente, confirmou a má impressão que tive em Santos. Era um intérprete cuja imagem era mais importante do que a musicalidade. E olha que naquela noite ele se esforçou – e por pouco não se espatifou no chão por causa de um passo de balé mal executado. Era um artista fabricado, um produto feito para consumo fácil e rápido (como se pode notar, a música descartável sempre fez parte da receita das companhias). O disco de estreia do Placa Luminosa, de 1977, ainda com Jessé nos vocais – que depois engataria uma ótima carreira solo – tinha mais ecos do rock progressivo do que a banda de baile que havia me conquistado. O hit daquele álbum foi Velho Demais, que foi um dos temas da novela Sem Lenço, nem Documento, da Rede Globo. Mas ao contrário de Resedá, o forte do Placa sempre foi o palco. A formação daquela noite não tinha mais Jessé, no entanto contava com o saxofonista Manito (dos Incríveis, Som Nosso de Cada Dia, Os Mutantes), os irmãos Ribah e Ari Nascimento (guitarra e baixo) e os também saxofonistas Mario Lucio e Pique Riverte. Posteriormente, Manito e Riverte deixaram o grupo. O Placa foi conhecer o sucesso nos anos 80, com o vocalista William Sant’anna, um dos maiores cantores de música negra do país, e baladas como Mais uma Vez (versão de Just to See Her, do soulman americano Smokey Robinson). É essa formação que lançou um disco ao vivo (Beleza que se Espalha), disponível nas plataformas de streaming. Uma coleção de sucessos e canções românticas, executados com categoria.

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O Placa Luminosa, claro, nunca será o Led Zeppelin, embora seus músicos tenham acompanhado muita gente que importa (César Camargo Mariano, Ney Matogrosso). Mas causou um “estrago” e tanto num adolescente de doze anos, que passou a se dedicar a consumir música com mais atenção. E se nunca ganhei uma palheta de Jimmy Page, pelo menos Ribah Nascimento me deu um colante em forma de coração, no qual se lia Som Com Muito Amor. Ele passou anos grudado no meu material escolar, bem como a memória daquele show do Placa.

 

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