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A bipolaridade musical do Coldplay em ‘Everyday Life’

Quarteto inglês vai das melodias acessíveis a experimentos com música árabe, africana e gospel em seu novo - e ambicioso - projeto

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 nov 2019, 09h27 - Publicado em 22 nov 2019, 09h15
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    (Divulgação/Divulgação)

    O Coldplay é uma banda bipolar. De um lado, especializou-se na produção de rocks apoteóticos, com aquele tom de grandiosidade de um U2 e canções com refrãos fortes para serem cantados em estádios e muitos “uô uô uô” para serem assimilados pelos artistas do sertanejo universitário. Foi assim que trilharam um caminho de respeito no showbiz internacional. São seguramente uma das principais bandas de rock do mundo e Chris Martin tem se mostrado cada vez mais seguro no papel de frontman. Por outro lado, existe no quarteto britânico uma vontade, ainda que tímida, de ampliar as fronteiras de sua música. Em seus melhores momentos, o desejo rende obras de qualidade indiscutível, como Viva La Vida! (2008), parceria do grupo com o produtor Brian Eno. Nos piores, fazem um arremedo de hip hop e recrutam colaboração de Rihanna. Everyday Life, novo álbum do Coldplay, que chega às lojas e às plataformas virtuais, é um bom encontro entre esses dois universos. Se ainda não é o trabalho primoroso que se espera de um conjunto desse porte, pelo menos mostra um empenho em fugir da estagnação que contamina as bandas de alta patente.

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    É um trabalho ambicioso: um disco duplo, dividido em duas partes (Sunrise e Sunset, ou seja, o nascer e o pôr do sol) e colaboradores fora do universo comum do pop – o pianista prodígio Jacob Collier, a cantora Norah Saqur, Femi e Omorinmade Kuti, respectivamente filho e neto de Fela Kuti, o astro nigeriano criador do afrobeat. Chris Martin discorre sobre temas como racismo, religião, controle de armas, guerra, brutalidade policial. E amor, claro, senão não seria um disco do Coldplay. Mas a religião, principalmente a tolerância religiosa, permeia grande parte das canções do álbum. Ela se faz presente em canções como Church, que prega a união entre religiões, a balada WOTW POTP e nos coros gospel de BrokEn e When I Need a Friend. Musicalmente, o Coldplay percorre caminhos diversos como a música oriental, o blues e o rockabilly. A música erudita, que sempre flanou discretamente pelos álbuns anteriores, aparece em dois momentos especiais: Sunrise, a faixa de abertura, instrumental e tocada por um quarteto de cordas, e Bani Adam, que traz um piano de Chris Martin inspirado nitidamente no polonês Chopin. Arabesque é a faixa mais ambiciosa, com samples de um discurso de Fela Kuti e uma participação efetiva de seus descendentes.

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    O Coldplay também funciona quando quer soar como Coldplay. Everyday Life tem alguns bons exemplos. Church, que tem aquela grandiloquência que parece saída de um bom disco do U2, vocais de Collier e Orphans, cujos woo woo parecem sido inspirados na clássica Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones. Daddy é outro bom momento, uma balada ao piano que Martin compôs para o pai. O álbum, no entanto, padece do mesmo mal de todo projeto ambicioso. Embora tenha um início deslumbrante e seja recheado por bons momentos, ele vai perdendo o encanto ao longo da audição. Para cada Orphans, Arabesque e When I Need a Friend, existem momentos bobinhos como Eko, Old Friends e Cry Cry Cry. Nesse caso, um disco simples teria melhores efeitos. Mas há de se louvar o esforço da banda em querer ir além de seus domínios. Falta apenas apresentar uma compilação melhor de canções. Que o próximo – e melhor – disco do Coldplay não tarde a vir.

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