Circula nas redes sociais um vídeo de Ronaldo Bandeira, policial e professor do Alfacon, curso preparatório para concursos militares, que tem chocado pelo conteúdo. Nele, Ronaldo aparece numa sala de aula apoiado a uma lousa branca enquanto relata, aos risos, uma abordagem na qual assume ter utilizado tortura no suspeito. “(…) Nesse interim que a gente ficou lá lavrando o procedimento, porque a gente estava na parte de trás da viatura, ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo. O que a polícia faz? Abre um pouquinho (faz gesto como se soltasse o gás para dentro do carro). Fod*-se, é bom pra caralh*, a pessoa fica mansinha. Aí daqui a pouco eu só escutei assim: “Eu vou morrer, eu vou morrer!”. Aí eu fiquei com pena. Abri assim (imita a abertura do vidro do carro): “Tortuuura!”.
O relato se assemelha ao caso sofrido por Genivaldo de Jesus Santos, que morreu durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal em Umbaúba, nesta quarta-feira, 25, em Sergipe. O homem teria sofrido uma “sessão de tortura” feita pelos agentes, segundo sobrinho da vítima. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Genivaldo sofreu asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
Procurados, os responsáveis pelo curso Alfacon assim se manifestaram após publicação da matéria:
“O Alfacon Concursos informa que repudia qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, contra civis. A empresa, tanto por meio da plataforma de cursos como pela editora, acredita que a educação é o motor de transformação social e de estabilidade financeira, promovendo, nos seus 13 anos de existência, acesso de estudantes ao conhecimento técnico necessário para concursos públicos das mais variadas naturezas. Em que pese o fato de o referido professor não fazer mais parte do curso desde 2018, o Alfacon não compactua com as informações, que não condizem com as políticas e os valores da companhia. Esse discurso tampouco está em alinhamento com os treinamentos pelos quais todos os educadores são submetidos ao ingressarem no corpo docente. O Alfacon preza pela formação dos oficiais, valorizando a carreira policial de forma ética, entendendo a importância desses profissionais para a segurança pública.”
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