Antônio Rodrigues, mais conhecido pelos clientes como “Seu Antônio”, é dono de um império de bares e restaurantes que vai do Rio de Janeiro a Portugal. Além da rede Belmonte, com oito unidades no Rio e uma em São Paulo, ele vem buscando investir na nostalgia: suas aquisições mais recentes foram casas de tradição, como o Nova Capela, na Lapa (desde 1903), o Bar Amarelinho, na Cinelândia (desde 1921), e o Cervantes, em Copacabana (desde 1955). O mais recente é o vistoso italiano Il Piccolo, abrigado em um dos últimos casarões da Avenida Vieira Souto, em Ipanema.
O próximo endereço nessa lista de clássicos vai ser o rigoroso Azumi, no Leblon, cujo leme da cozinha ficará nas mãos de Alissa Ohara, antiga proprietária da família japonesa. Na Europa, caminha com sócios para a quinta filial da Casa Guedes em Portugal, e ainda pretende inaugurar um bar em Barcelona. No cardápio de novidades, ele trabalha agora no Edifício Touring, um marco do estilo art déco, inaugurado em 1926 na Praça Mauá, centro do Rio. O espaço receberá quatro filiais do grupo: Piccolo, Azumi, Nova Capela e Cais do Oriente. Além de um espaço de eventos, com festas de música eletrônica comandadas por Pedro Rosa, 22, primogênito do empresário.
“Terminou a pandemia e as coisas todas fechadas, foi hora de arregaçar as mangas e botar para funcionar. Tem uns cariocas que gostam, tem uns que não gostam. Alguns acham que (meus bares são) igual ao McDonald ‘s, têm em todo canto, e outros acham que são necessários. Faz parte, a gente não agrada todo mundo. O segredo é o trabalho que a gente faz, toda hora tentando melhorar, manter o padrão, o atendimento. As pessoas saem de casa para fazer uma higiene mental ao irem a um bar. E elas querem ser bem atendidas, ter um banheiro legal, uma estrutura, estão pagando por isso”.
Nascido em Hidrolândia, município com menos de 20 mil habitantes no Ceará, Antônio “foi ganhar” a vida no Rio aos 16 anos. Por lá, trabalhou como faxineiro, lavador de pratos, cumim e garçom. Tornou-se dono de negócios próprios começando pelo extinto Carlito’s, na Cinelândia. Mas a grande mudança veio em 2001, quando assumiu um boteco antigo na Praia do Flamengo, o Belmonte, que estava lá desde 1952. Era o começo de um império cuja coroa brilha no colarinho dos copos de cerveja.