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O outro final possível para o filme ‘A Baleia’, segundo a medicina

Médicos especialistas em obesidade e coração explicam tratamentos para insuficiência cardíaca congestiva, que afeta protagonista de longa

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 mar 2023, 12h01
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  • O personagem Charlie, interpretado por Brendan Fraser, que ganhou o Oscar 2023 de Melhor Ator, tem um final triste em A Baleia. No longa, o professor de inglês vive recluso com obesidade. Ele possui compulsão alimentar e é diagnosticado com insuficiência cardíaca congestiva, problema que o leva à morte. A coluna ouviu dois especialistas no tema para falaram se é possível um outro final ao drama cinematográfico, além do que foi apresentado com a morte do protagonista.

    Segundo André Vianna, endocrinologista e pesquisador em diabetes e obesidade, a condição de Charlie poderia ser revertida e o filme teria outro final com a ajuda médica necessária. “A obesidade pode ter uma história muito diferente do que se vê no filme, porque é uma doença crônica. Precisa primeiro ser reconhecida como doença. Esse é o primeiro ponto, não é um problema estético ou de caráter da pessoa que não se cuida. Segundo ponto, reconhecer que a obesidade é uma doença crônica, tal como hipertensão e diabetes. Há tratamento e controle para essa doença, mas requer tratamento para a vida inteira, não tem cura definitiva”, explica.

    André também explica o possível tratamento pelo ponto de vista médico com grande chance de sucesso. “Envolve mudanças alimentares e aumento de atividade física, além do tratamento medicamentoso para o tratamento da obesidade. Casos mais graves podem precisar de intervenção cirúrgica para facilitar o processo de perda de peso”. Outro aspecto abordado no filme é o da compulsão alimentar, o que é doença psiquiátrica – existe tratamento tanto do ponto de vista psicológico, como medicações específicas.

    Para o cardiologista Daniel Rabischoffsky, diretor médico da Medicorp Centro Médico, a atenção deve estar primeiramente voltada para o coração. “É uma bomba hidráulica que impulsiona o sangue através das artérias, para que chegue a todos os órgãos. Quando o coração cresce e se dilata, perde a capacidade de bombear o sangue com eficiência, gerando a síndrome de insuficiência cardíaca (IC)”, explica ele, citando que pesquisas recentes apontam que obesos graves são mais de duas vezes propensos a ter insuficiência cardíaca do que as pessoas com índice de massa corporal normal, mesmo após controle dos níveis de pressão arterial, colesterol e diabetes. Tal condição tem como principais causas a cardiopatia isquêmica (infarto), hipertensão arterial, doenças das válvulas do coração, arritmias, alcoolismo, doença de chagas e doença genéticas do coração.

    Assim como é mostrado em A Baleia, os principais sintomas são cansaço aos esforços, que evolui progressivamente até que culmina com falta de ar em repouso e inchaço em pulmões, abdome e pernas. A IC grave tem mortalidade de 50% em 5 anos. “O diagnóstico é fundamentalmente clínico e apoiado em exames complementares como eletrocardiograma, ecocardiograma e radiografia de tórax”, enumera Daniel, salientando que não há cura definitiva da insuficiência cardíaca. “A doença evolui progressivamente, porém as medidas não farmacológicas são de extrema importância para seu controle como perda de peso, prática de atividade física quando autorizado, cessação do fumo, redução do consumo de sal, evitar abuso do álcool”, continua.

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    Para os casos avançados, como ao que se assiste na produção hollywoodiana, há hoje diversos dispositivos que auxiliam o coração enfraquecido – como terapia de ressincronização cardíaca através implante de marcapasso e o transplante cardíaco, ou ainda o implante dos chamados corações artificias (aparelhos implantados cirurgicamente, que fazem parte do trabalho do coração até que um coração saudável seja disponível). “Quando se perde peso os sintomas diminuem e muitas vezes até somem”, complementa André Vianna.

     

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