Mais de 20 anos depois de ser eternizada como a forte Dona Jura, em O Clone (2001), Solange Couto, 67, dá vida à doce Carmen, como a própria atriz a descreve, em Garota do Momento, novela das 6 da TV Globo que estreou na segunda-feira, 4. O papel no folhetim de Alessandra Poggi chega às mãos da artista após um hiato de seis anos, quando interpretou Coronela em O Tempo não para (2018). Em conversa com a coluna GENTE, Solange conta o motivo de ter se afastado da TV, detalha características da personagem atual e fala do significado de Jura em sua carreira.
Por que tanto tempo longe das novelas? Não houve convite. A gente teve pandemia e mesmo assim não parei de trabalhar um minuto, graças a Deus. Fiz um filme e três séries para o streaming. Só novela que não veio nesses seis anos. Estava com saudade.
Gosta de fazer novela? Gosto dessa continuidade do estúdio todos os dias e da convivência com os colegas. Sinto falta disso, principalmente desse estúdio [da TV Globo], porque vi esse lugar nascer do chão e cada vez que chego, meu olho enche d’água. Sou atriz que ama não só a profissão como tudo que está inserido nela: o cenário, a iluminação, posicionamento de câmera…. É como se fosse a minha cozinha, o lugar mais arrumado da minha casa.
Como é voltar a atuar em Garota do Momento? Estava saudosa de não só fazer novela, mas de fazer uma mulher tranquila, amorosa, doce, delicada e, ao mesmo tempo, forte. Essa é a Carmem. Uma mulher que cria a neta e crianças em um orfanato e sozinha.
Que mensagem pretende levar ao público? Não tem nada combinado com a autora [Alessandra Poggi], ou que me tenha sido passado, mas será essa coisa da maternidade, da criança que não tem mãe nem pai, da continuidade de felicidade, de tirar da dor o amor.
A senhora se considera uma mulher forte? Eu sou muito, choro debaixo do chuveiro para ninguém ver (risos).
O que leva dessa força para as suas personagens? Elas trazem já dentro de si. Na verdade, quando o autor me passa o texto, já vejo essa pessoa. Elas nascem naturalmente, cada uma de um jeito. Algumas são preconceituosas, outras são sofridas e há aquelas que são brigonas. Uma personagem que marcou sua carreira foi Dona Jura, em O Clone. Como foi esse trabalho? Jura foi um divisor de águas na minha carreira. Porque até ali tinha feito mulheres sofridas e choronas. A última personagem tinha sido Rosa, mãe de Chiquinha Gonzaga, na minissérie (homônima) de 1999. Depois veio Jura e quebrou tudo. E até hoje ela está aqui.
Ainda é reconhecida na rua? O tempo todo. Ou me chamam de Dona Jura ou dizem: “Não é brinquedo não” [expressão usada pela personagem na novela]. É um presente de Deus, um milagre, na verdade, porque esses anos todos…
E o futuro? Quer fazer mais novelas? Minha filha, enquanto estiver em pé, estou igual à dona Laura [Cardoso] e dona Fernanda [Montenegro]. Eu quero é ir.