O discurso feminista que Aracy Balabanian pôs em prática ao longo da vida
Atriz morreu na manhã desta segunda-feira, 7
Atriz consagrada no teatro e na televisão, Aracy Balabanian também se destacou em seus posicionamentos certeiros sobre sua vida pessoal. Em setembro de 1997, ela foi uma das atrizes que participaram na reportagem “Nós Fizemos Aborto”, de VEJA, onde dezenas de mulheres de três gerações romperam o silêncio e contaram como e por que fizeram o procedimento. Em diversas entrevistas, ela alegava, orgulhosa, que tinha 13 sobrinhos, 12 sobrinhos-netos e uma afilhada. Além disso, Aracy contou em sua biografia, Nunca Fui Anjo, que realizou dois abortos. O primeiro, devido à falta de condições financeiras para ser mãe solteira, e o segundo por não querer um filho do homem que a engravidou. No geral, seus posicionamentos repercutiam com firmeza nas redes sociais. Aracy, avessa ao mundo digital, ficava à parte disso tudo. Viveu intensamente como julgou ser a melhor opção. Dona do próprio corpo e sem se preocupar com julgamentos, seu discurso feminista era, por vezes, confundido quanto a sua orientação sexual. Ela mesma fazia questão de deixar claro seu posicionamento. Na biografia, ela desabafa:
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“Além de virgem, sem filhos e solteirona, às vezes as pessoas dizem que sou homossexual. Foram falar para a Guta, a diretora de elenco da Globo, e ela me chamou para perguntar. A primeira pessoa que saberia seria você, para quem não escondo nada. Parênteses, Guta foi uma pessoa muito importante na minha vida, alguém que tinha um amor incondicional por mim e por isso mesmo eu a chamava de mãe. Se chegasse para ela e dissesse que tinha virado sapata, ela aceitaria na hora. Mas a verdade é que jamais me interessei por mulheres. Sou freudianamente ligada ao meu pai, à virilidade. O que me atrai é a diferença, não a semelhança. Já até pensei no assunto, arrisquei bater umas pestanas para algumas mulheres que me assediaram, mas não passou disto, não mesmo”.