Marie Salles, figurinista de Pantanal, conversou com VEJA sobre a composição do que julga ser “um dos personagens mais difíceis da novela”: o Jove, vivido por Jesuíta Barbosa. “Ele se transforma conforme a novela vai andando. Quando ele vai pro Pantanal, começa a ter seu amadurecimento. Tudo foi construído pensando nesse texto”, explica. E é justamente o uso das camisetas estampadas, com frases de efeito, às vezes até debochadas, que tem chamado atenção da audiência – como a frase “way out west” (saída a oeste, em inglês). A seguir, o bate-papo.
As camisas do Jove são sempre estampadas com alguma mensagem. Que referências você utiliza?
Quando vi a primeira versão da novela e li a sinopse, entendi que o Jove é um personagem carioca, que mora no Rio, tem dinheiro e faz parte de uma família de classe alta. Ele é um pouco desajustado, tem problemas com a mãe, não conheceu o pai, não tem emprego… Quando chega na fase adulta, Jove usa calças largas, meias coloridas, tênis de lona e camisetas estampadas, que busquei nos brechós. São camisetas antigas, ou de marcas dos anos 1990 que não se encontra mais hoje em dia. Elas vêm com alguma frase de impacto ou deboche.
Dia desses ele surgiu em cena com a estampa “Maio de 1968” (movimento político na França, marcado por greves gerais e ocupações estudantis). O figurino dele também marca um posicionamento político?
Não. A composição do figurino do Jove foi feita com base em seu arco dramático, e retrata as várias fases que o personagem vive. Não tem um posicionamento, porque o personagem não tem um posicionamento político. Ele está, na verdade, querendo se encontrar, é uma busca individual.
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Jove está prestes a ter uma virada na trama e deve ter alterações no figurino. O que esperar dessa transformação visual?
Essa mudança acontece aos poucos. Após a morte da mãe, quando ele volta ao Pantanal, quer fazer parte da vida do pai, quer virar um peão. Neste momento, Jove vai começar a usar os signos do Pantanal, faixa pantaneira, guaiaca, chapéu de palha etc.
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