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Foco de Petra Costa em filme: ‘fé evangélica de tendência fundamentalista’

Diretora fala à coluna GENTE de ‘Apocalipse nos Trópicos’, sobre influência da religião na política

Por Giovanna Fraguito 29 out 2024, 07h00
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  • Após passagens pelo Festival de Veneza e Festival do Rio, Apocalipse nos Trópicos, novo longa-metragem de Petra Costa, 41 anos,  está na seleção oficial da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sucessor do celebrado Democracia em Vertigem (2019) – indicado ao Oscar e listado pelo New York Times como um dos 10 melhores filmes daquele ano, investiga a crescente influência exercida por líderes religiosos na política no Brasil. A nova obra, inclusive, começou a ser filmada durante o processo do primeiro filme. A diretora conversou com a coluna GENTE sobre o projeto. 

    Em Apocalipse nos trópicos, você mergulha mais uma vez em bastidores da política. O que mais te chamou atenção nesse processo? O filme é uma investigação desse novo Brasil, mais conservador, moldado por uma fé evangélica que tem tendências fundamentalistas, com um projeto de dominionismo por trás. A ideia de conquistar sete montanhas de influência, que está no discurso de vários pastores, diz que os cristãos devem tomar o executivo, o legislativo e o judiciário. Isso está em curso, embora seja pouco discutido. Começou no processo de filmagens do Democracia em Vertigem, com uma imagem muito forte que fiz do pastor Cabo Daciolo abençoando as mesas do Congresso e dizendo que a solução para a democracia brasileira era Deus tomar o controle. A partir disso ele me evangelizou, me entregou a Bíblia e foi o meu momento de abrir os olhos para esse fenômeno.

    Você já disse que percebeu a necessidade de um documentário sobre o tema, mas que não queria ser você a pessoa a fazer. Por quê? Venho de um cinema mais intimista, mais psicológico, mais lírico, e fui sequestrada pela política brasileira. Não é um tema que, necessariamente, tenho desejo de continuar. Mas sinto que a gente está vivendo uma crise tão profunda, que não consigo olhar para outra coisa. 

    Você acha que surfou um pouco na onda dessa polarização? Não acredito nessa ideia de polarização, acredito que exista uma extrema direita, um centro democrático e uma esquerda muito, muito moderada. 

    Tem algum receio da repercussão do novo projeto quanto aos haters? A gente não pode silenciar, principalmente nesses momentos de radicalização. 

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    Já recebeu alguma ameaça? Sim. Respiro fundo.  

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